Políticas públicas passam ao lado do problema dos idosos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-11-15
SUMÁRIO: Os políticos portugueses "ainda não interiorizaram a gravidade do problema do envelhecimento demográfico". O aviso, directo e sem eufemismos, é do sociólogo Manuel Villaverde Cabral, para quem os apoios à natalidade são a melhor arma para combater o acelerado envelhecimento português, que fez com que, no ano passado, houvesse 118 idosos por cada 100 jovens.
TEXTO: "O país está com uma taxa de fecundidade de 1, 32 crianças por mulher mas continua a correr atrás do prejuízo, sem fazer nada que antecipe o problema e o faça regredir", reforça o sociólogo, para lembrar que, por estes dias, "os cancros terminais, os problemas cardiovasculares e as doenças do foro neurológico dos dois últimos anos de vida das pessoas já representam metade da despesa no orçamento da Saúde". Antecipando a sua intervenção na conferência Envelhecimento nas Sociedades Contemporâneas: Desafios para a Investigação e Intervenção Social, que se realiza hoje no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, Villaverde Cabral aponta o exemplo francês, cuja taxa de fecundidade subiu para os 2, 1 filhos por mulher em idade fértil, à força de "uma política de natalidade que contempla medidas como um reforço das creches e incentivos ao trabalho em part-time para as mulheres". Estabelecida que está a relação entre o montante das reformas e a longevidade dos idosos ("quanto mais alta a pensão, maior a longevidade"), o sociólogo do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa defende a introdução de um factor de equidade nas reformas. "As pensões mais altas devem baixar em benefício das mais baixas", sustenta. Para o psicólogo e investigador António Fonseca, outro dos oradores da conferência, "os idosos portugueses são estupidamente sedentários", um problema que se agudiza quanto menor for a escolaridade do idoso. Como entre os actuais idosos "a maior parte tem a escolaridade básica", o investigador não vislumbra que possam envelhecer de forma activa. "Até podem ter-se adaptado ao telemóvel e ao multibanco, mas, se formos ver quem é capaz de usar o computador ou ir à Internet preencher uma declaração de vida, ficamos apavorados com o resultado", sublinha.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulher social mulheres