Portugal tem "um padrão atípico" de perturbações psiquiátricas na população
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-11-15
SUMÁRIO: Números nacionais perto do registado nos EUA, o país com a maior taxa do mundo. Um quinto da população sofre de doença mental.
TEXTO: Dois em cada dez portugueses sofrem de perturbações psiquiátricas e o país revela "um padrão atípico, em termos europeus", de prevalência destas doenças, com números que se aproximam dos dos Estados Unidos, o país com a maior taxa de população com doenças mentais no mundo. As conclusões são do primeiro estudo que faz o retrato da saúde mental em Portugal e que se insere na iniciativa mundial dos estudos epidemiológicos da Organização Mundial de Saúde (OMS), coordenada pela universidade norte-americana de Harvard e que envolve outros 23 países. Os seus autores descrevem-na como a "maior base de dados do mundo" na área, com mais de 100 mil pessoas entrevistadas. O estudo português, cujos resultados preliminares tinham já sido apresentados em Março mas sem incluírem a comparação com todo o universo dos países observados, revelou que 22, 9 por cento dos 3849 entrevistados sofrem de perturbações psiquiátricas, aproximando-se dos 26, 3 por cento dos EUA. Países do Sul da Europa com os quais Portugal normalmente se compara têm taxas bem mais baixas - Espanha fica-se pelos 9, 2 por cento e Itália pelos 8, 2 por cento - e mesmo os países nórdicos, onde a prevalência destas doenças é elevada, estão abaixo dos números nacionais. Segundo o coordenador do estudo português, Caldas de Almeida, no topo dos problemas estão as perturbações de ansiedade, com 16, 5 por cento, as perturbações depressivas, com 7, 9 por cento, as perturbações de controlo dos impulsos (3, 5) e as perturbações relacionadas com o álcool (1, 6). Os mais afectados são as mulheres e os jovens dos 18 aos 24 anos e, dentro destes dois grupos, especialmente aqueles que estejam separados, viúvos e divorciados ou tenham níveis de literacia baixos e médios. Ao nível do acesso aos serviços de saúde, o estudo constatou que existem "coisas boas e más". Segundo Caldas de Almeida, "os cuidados primários e de clínica geral têm uma acessibilidade muito boa em termos europeus, enquanto os serviços especializados já não têm uma performance tão boa", disse em declarações à agência Lusa. Para além de medir a prevalência das doenças mentais, o estudo também tem como objectivo medir "o impacto destas doenças na produtividade de um país, em termos de incapacidade, de faltas ao trabalho e de doenças físicas". Impactos económicosOs dias de baixa por doença são a principal razão de perda de capital humano para a economia de um país e são sobretudo motivados pelas doenças associadas à dor, revela um estudo de investigadores de Barcelona em 24 países, Portugal incluído. Doenças como artroses, dores cervicais e dores de costas representam 21, 5 por cento dos pedidos anuais de baixa, seguidas de enxaquecas, doenças cardiovasculares e depressão. Das 60 mil pessoas entrevistadas no estudo, 12 por cento tinham estado pelo menos um dia de baixa no mês anterior.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA OMS