Ofertas de emprego recuam em Outubro, em reacção às medidas de austeridade
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2010-11-17
SUMÁRIO: As medidas de austeridade anunciadas pelo Governo em meados de Outubro e a instabilidade financeira e política em torno da apresentação do Orçamento do Estado (OE) para 2011 parecem ter influenciado negativamente a expectativas das empresas.
TEXTO: As ofertas de trabalho que chegaram aos centros de emprego durante o mês de Outubro sofreram uma quebra mensal de 23 por cento e pela primeira vez desde o início do ano ficaram abaixo das 10 mil. De acordo com os dados ontem divulgados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), as ofertas captadas não foram além das 9682, o valor mais baixo desde Fevereiro e que representa uma redução de 13, 3 por cento em relação ao ano passado, indiciando uma retracção dos agentes económicos face às políticas restritivas do Governo. Confrontado com este retrocesso, o presidente do IEFP, Francisco Madelino, não esconde a apreensão quanto ao futuro. "Pode tratar-se de um fenómeno conjuntural em reacção às medidas anunciadas pelo Governo ou pode tratar-se de um primeiro sinal de retracção dos empregadores face às políticas restritivas adoptadas para o próximo ano", frisou ao PÚBLICO, acrescentando que esta variável "tem que ser acompanhada com atenção" ao longo dos próximos meses. A redução das ofertas numa altura em que o IEFP se tinha comprometido a ser mais "agressivo" na captação de mais e melhores oportunidades de emprego para os 550. 846 desempregados inscritos nos centros de emprego é preocupante e Francisco Madelino garante que já desencadeou um processo para averiguar o fenómeno internamente. Além da redução das ofertas, também a entrada dos desempregados no mercado de trabalho teima em não descolar, apesar das medidas lançadas para incentivar o regresso à vida activa. Em Outubro, 6064 desempregados conseguiram voltar a trabalhar com a ajuda dos técnicos de emprego. Foram mais 1, 4 por cento do que no ano passado, é certo, mas menos 18, 5 por cento do que em Setembro. Desde Julho, os desempregados subsidiados são obrigados a aceitar trabalhar por salários mais baixos e foi criada a obrigatoriedade de as entrevistas de emprego serem acompanhadas por técnicos do IEFP, com o objectivo de detectar as razões que levavam a que muitas das ofertas ficassem desertas. Porém, o volume das colocações efectuadas é muito semelhante ao verificado antes da entrada em vigor das novas regras. Francisco Madelino garante, contudo, que as mudanças no regime do subsídio de desemprego estão a corresponder às expectativas. "O efeito das medidas sente-se não apenas no número de colocados, mas nas anulações por auto-emprego e por não aceitação das propostas de emprego, que dispararam", realçou. Desemprego abrandaAinda assim, em Outubro, as inscrições nos centros de emprego dão sinais de abrandamento. Embora o desemprego registado continue a aumentar face ao ano passado, o ritmo é cada vez menos violento. No final de Outubro 550. 846 pessoas declararam-se desempregadas, mais 6, 5 por cento do que em 2009. Porém, em termos mensais verificou-se um recuo de 0, 9 por cento face a Setembro, o que, segundo o secretário de Estado do Emprego, Valter Lemos, aconteceu pela primeira vez em duas décadas. Na análise anual do desemprego, o IEFP realça que o fenómeno subiu em ambos os géneros, em particular nas mulheres, onde o número de desempregados subiu 7, 9 por cento, enquanto nos homens o valor avançou 4, 7 por cento. Mas enquanto os desempregados inscritos há menos de um ano (58, 4 por cento do total de desempregados) diminuíram sete por cento, os desempregados de longa duração (41, 9 por cento) registaram um acréscimo de 33, 2 por cento, ainda assim inferior ao registado em Setembro. A Madeira foi a região onde o desemprego mais cresceu no último ano (19, 8 por cento), seguida do Algarve (16, 7 por cento).
REFERÊNCIAS:
Entidades IEFP