Casos de hepatite B têm diminuído, mas imigrantes estão a trazer novos casos
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 16 | Sentimento 0.136
DATA: 2010-11-18
SUMÁRIO: Os casos de hepatite B têm vindo a diminuir em Portugal devido à vacinação, mas começam a aparecer mais casos devido aos imigrantes oriundos de África, dos países de Leste e da Ásia, alertou hoje o hepatologista Rui Tato Marinho.
TEXTO: “Começa a haver mais hepatite B em Portugal pelos imigrantes” oriundos de Angola, China e Ucrânia, que têm prevalências do portador crónico superiores à portuguesa, com 10 por cento da população infectada, disse à agência Lusa Tato Marinho, que participa hoje na conferência “Prevenção da hepatite viral”, em Lisboa. O encontro pretende chamar a atenção para os problemas das hepatites víricas que se estima afectarem 200 mil pessoas em Portugal, muitas das quais não sabem que têm a doença, afirmou o também secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia. Sobre a hepatite B, o especialista afirmou que “o número de novos casos tem diminuído muito” devido à vacinação, que está incluída no Programa Nacional de Vacinação, mas defende que deve abranger mais pessoas. “Portugal tem um programa muito bom para os recém-nascidos e adolescentes [10 aos 13 anos], mas faltam os adultos jovens que escaparam a este filtro e que deviam vacinar-se”, sustentou. Tato Marinho alertou que as pessoas entre os 25 e os 50 anos são um grupo de risco de transmissão da doença por via sexual devido à frequente mudança de parceiros. Para combater a doença, o especialista defende que os médicos receitem mais análises e recomendem mais vezes a vacinação nos adultos. Quanto à hepatite C, referiu que não tem aumentado muito, lembrando que era um “problema muito grande nos toxicodependentes” devido à partilha de agulhas. “É preciso chamar a atenção para as pessoas fazerem análises e informá-las de que a hepatite C tem cura em mais de metade dos casos”, salientou. Segundo o hepatologista, estas doenças “provocam mais mortes do que os números oficiais dizem” - por estarem muitas vezes escondidas noutras doenças, como a sida e o cancro do fígado -, estimando que a hepatite B seja responsável por 300 mortes por ano em Portugal e a hepatite C por 500. A OMS declarou estas doenças um problema de saúde pública mundial, recomendando aos países a elaboração de uma estratégia para as combater. Nesse sentido, os especialistas portugueses defendem a elaboração de um plano nacional de prevenção e controlo destas doenças. “Existem 40 planos em Portugal e sendo a doença hepática (cirrose) a oitava causa de morte no país, afectando 200 mil pessoas, achamos que merecia um plano dentro dos 40 que já existem”, sublinhou. No encontro, que termina na sexta-feira, participam representantes da OMS, da Direcção-Geral da Saúde, do Centro do Controlo de Doenças de Atlanta e do Viral Hepatitis Board, composto por representantes de vários países que se uniram no combate às hepatites a nível mundial, do qual faz parte Rui Tato Marinho. Dados da OMS indicam que cerca de 700 mil pessoas morrem anualmente devido à infecção pelo vírus da hepatite B e que cerca de 200 milhões sofrem de hepatite C.
REFERÊNCIAS:
Entidades OMS