Papa Bento XVI admite uso do preservativo para travar a sida
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-11-21
SUMÁRIO: Pela primeira vez na história um Papa admitiu a utilização do preservativo “para reduzir “em certos casos” os riscos de contaminação” do vírus da sida, segundo um livro de entrevistas que será lançado na terça-feira. Excertos foram publicados este sábado no jornal do Vaticano.
TEXTO: Não é uma revolução, mas uma porta entreaberta. Num livro-entrevista que será publicado terça-feira, o Papa Bento XVI mantém que não considera o preservativo "uma solução verdadeira e moral", mas admite a sua utilização em casos concretos: "Num ou noutro caso, embora seja utilizado para diminuir o risco de contágio, o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana. "A afirmação do Papa surge no livro Luz do Mundo, uma entrevista ao jornalista alemão Peter Seewald, que será publicado na terça-feira em Itália e vários outros países. Dia 2 de Dezembro estara à venda em Portugal (ed. Lucerna/Principia). No texto, o Papa acrescenta: "Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade. "Esta afirmação repete o que já outros responsáveis da Igreja - mesmo cardeais - tinham defendido como mal menor, mas nunca um Papa afirmara. Também a maior parte das instituições católicas que apoiam doentes infectados com o HIV-sida utilizam o preservativo, mesmo se não fazem dele a estratégia fundamental na luta contra a doença. A viagem a ÁfricaAlguns excertos do livro foram publicados este sábado por L'Osservatore Romano, jornal do Vaticano. Sobre o preservativo, o Papa começa por referir a viagem aos Camarões e Angola, realizada no ano passado, quando Bento XVI defendeu, como diz o jornalista, que "a doutrina tradicional da Igreja tinha revelado ser o caminho mais seguro para conter a propagação da sida". O Papa Ratzinger começa por responder: "A viagem a África foi totalmente ofuscada por uma única frase. Perguntaram-me porque é que, no domínio da sida, a Igreja Católica assume uma posição irrealista e sem efeito - uma pergunta que considerei realmente provocatória, porque ela faz mais do que todos os outros. " A Igreja no terrenoBento XVI defende que a Igreja "é a única instituição que está muito próxima e muito concretamente junto das pessoas" e que é ela quem mais faz "porque trata como mais ninguém tantos doentes com sida e, em especial, crianças doentes com sida". No avião para África, o Papa limitou-se à afirmação genérica: "A realidade mais eficiente, mais presente em primeira linha na luta contra a sida é precisamente a Igreja Católica, com os seus movimentos. " Mas, na ocasião, o Papa não referiu quaisquer números: mais de 1200 projectos de instituições católicas de apoio a doentes de sida atingem pelo menos 4, 5 milhões de pessoas; 3000 padres e freiras e 16 mil voluntários trabalham nessas instituições, que representam 25 por cento das que apoiam doentes de sida; nos países pobres, 60 por cento dos doentes são assistidos em instituições ligadas à Igreja. Agora, no livro-entrevista, o Papa retoma a sua "verdadeira resposta": a Igreja "não se limita a falar da tribuna que é o jornal, mas ajuda as irmãs e os irmãos no terreno". Bento XVI reafirma que não deu a sua opinião sobre o preservativo, mas afirmou apenas "- e foi isso que provocou um grande escândalo - que não se pode resolver o problema com a distribuição de preservativos". Declarações de Bento XVI: Abusos sexuais foram um choque
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ajuda doença sexualidade