Para mudar o mundo, "não há um único país, um único líder ou um único grupo de países"
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.03
DATA: 2010-11-22
SUMÁRIO: O secretário-geral das Nações Unidas, que esteve em Lisboa para fechar, com a NATO e o Presidente afegão, o roteiro para a transição de poderes no Afeganistão, diz que é a voz da esperança, mas também do pragmatismo. "Juntos tenho a certeza que vamos conseguir", diz em entrevista exclusiva ao PÚBLICO.
TEXTO: O secretário-geral das Nações Unidas, que esteve em Lisboa para fechar, com a NATO e o Presidente afegão, o roteiro para a transição de poderes no Afeganistão, diz que é a voz da esperança, mas também do pragmatismo. Unido, acredita Ban Ki-moon, o mundo vai conseguir uma transição de sucesso no Afeganistão e nos grandes desafios globais. "Juntos tenho a certeza que vamos conseguir", disse nesta entrevista exclusiva ao PÚBLICO, ontem em Lisboa, na manhã a seguir à cimeira da NATO que definiu que a partir de 2014 os afegãos começarão a ser responsáveis pela segurança no seu país. "Continuo a ocupar um lugar proeminente", diz o secretário-geral coreano. A comunidade internacional, porém, tem que o apoiar. Ban Ki-moon pode não ser o líder mais carismático do globo, como sublinham os seus críticos, mas não tem problema em dizer, energicamente, quais, na sua auto-avaliação, são os seus talentos. "Sou um homem sempre em movimento. " E é um secretário-geral a posicionar-se para uma eventual campanha para o segundo mandato em 2012. Uma volta ao mundo em 20 minutos. Para a ONU, qual foi o resultado mais relevante desta cimeira da NATO?A cimeira da NATO no Afeganistão definiu um caminho claro para a transição: em 2014, os afegãos e o seu governo terão mais responsabilidade e controlo para garantir a segurança e proteger a sua população, de modo a que os afegãos possam desenvolver a sua sociedade e torná-la mais próspera. Mas quero dizer que, apesar de ter sido adoptada uma estratégia de transição, isso não significa que o importante sejam os prazos. O importante é o estado das coisas, ou seja, sabermos quando e onde os afegãos vão ser capazes de garantir a sua própria segurança. Para a ONU, esta transição significa que a ONU se vai envolver mais em ajudar e facilitar o desenvolvimento social e económico do país. A ONU está no Afeganistão há 60 anos e continuaremos a estar envolvidos a longo prazo nas questões civis, a ajudar a integração política e o processo de reconciliação e desenvolvimento social e económico. 2014 é um timing realista?Em Lisboa, ouvimos e vimos um compromisso político muito forte dos líderes mundiais - não apenas dos Estados-membros da NATO, mas também dos seus parceiros e países doadores - de que vão apoiar esta transição. Com um forte compromisso da comunidade internacional em apoiar a população afegã, com o bom governo da liderança afegã (o Presidente Karzai) e com apoio adequado da comunidade internacional ao desenvolvimento social e económico, ou seja, com estes três elementos combinados, tenho a certeza que vamos conseguir. Foi isso que eu disse ontem juntamente com o secretário-geral da NATO, Rasmussen, e o Presidente Karzai. Fiquei muito comovido e encorajado por este claro roteiro de transição ter sido adoptado. Participei em todas as conferências internacionais anteriores, duas cimeiras da NATO e outras reuniões de alto nível, mas esta cimeira de Lisboa foi a mais histórica de todas, pois deu-nos um caminho muito mais claro para o futuro. Como vê o Afeganistao em 2020, cinco anos depois do início desta transição?Acredito que os afegãos vão ter mais liberdade e mais segurança, espero ver as mulheres mais envolvidas e a participar nas questões económicas, sociais e políticas, e tenho a certeza que haverá mais jovens a ter um papel na definição do seu futuro. A ONU vai continuar a trabalhar como um todo, e isto é uma questão estratégica para a ONU: ajudar o Afeganistão de um modo mais amplo e polivalente. Concorda que o processo de construção do Estado e das instituições democráticas falhou no Afeganistão?
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU NATO