Coreias trocam tiros de artilharia e "enterram" regresso às negociações
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DATA: 2010-11-23
SUMÁRIO: As desavindas Coreia do Norte e Coreia do Sul trocaram esta manhã centenas de tiros de artilharia junto a uma das ilhas de fronteira entre os dois países, tendo causado a morte a pelo menos dois marinheiros sul-coreanos, no mais grave incidente desde o fim da guerra das Coreias.
TEXTO: O Governo de Seul informou que disparou em resposta a um ataque da vizinha Coreia do Norte, que terá lançado quase duas centenas de obuses sobre Yeonpyeong, ilha a ocidente da península coreana, no Mar Amarelo. É registada a morte de pelo menos dois marinheiros sul-coreanos, enquanto três outros e ainda uma dezena de civis ficaram feridos. Os disparos da Coreia do Norte começaram pelas 14h34 (hora local, 5h34 em Portugal), alguns caindo nas águas e outros em terra, precisou porta-voz da chefia de estado maior sul-coreana, coronel Lee Bung-woo. A Coreia do Sul "respondeu imediatamente", disparando cerca de 80 obuses "em legítima defesa", avançou a mesma fonte. Um residente de Yeonpyeong, citado pelo canal de televisão YTN, descreve que a maior parte dos tiros vindos da Coreia do Norte foram disparados contra uma base militar sul-coreana na ilha. Há relatos de incêndios a propagarem-se fora de controlo e dezenas de casas destruídas. As televisões mostram enormes colunas de fumo sobre a ilha. "Casas e montanhas estão em fogo e as pessoas a fugir, cheias de medo porque os disparos continuam. Não se consegue ver bem o que se passa por causa das colunas de fumo", contou uma testemunha citada pela agência noticiosa britânica Reuters. A YTN refere, também, que vários civis e soldados estão a ser encaminhados para bunkers na ilha, onde vivem entre 1. 200 e 1. 300 pessoas. O Exército da Coreia do Sul está em estado de alerta máximo, com vários aviões de combate a sobrevoar a zona dos ataques, ao mesmo tempo que o Governo de Seul convocou prontamente uma reunião de emergência, prometendo uma resposta forte “se as provocações continuarem”, cita a agência de notícias francesa AFP. O chefe de Estado sul-coreano, Lee Myung-bak, asseverou que a resposta será "firme", mas instou os líderes políticos do seu país a tentarem evitar uma escalada da crise. Porta-voz do Presidente sul-coreano, Kim Hee-jung, adiantou que está a ser analisada uma eventual ligação entre este ataque de artilharia da Coreia do Norte e exercícios navais e aéreos sul-coreanos feitos junto à fronteira marítima ocidental na madrugada de hoje. Do lado do regime de Pyongyang não há ainda qualquer declaração sobre o ataque e resposta da vizinha Coreia do Sul, no mais grave incidente desde que os dois países assinaram tréguas em 1953 (mas sem declaração de cessar fogo e paz), pondo fim à guerra das Coreias. Os dois países travam crises diplomáticas e escaramuças fronteiriças com regularidade. Esta crise surge, de resto, depois do enviado especial norte-americano à Coreia do Norte, Stephen Bosworth, actualmente em périplo pela região, ter deixado Tóquio com destino a Pequim. O responsável encontra-se hoje com as autoridades chinesas para analisar a situação nuclear da Coreia do Norte – o que acontece apenas alguns dias depois de ter vindo a público a existência de uma grande fábrica de enriquecimento de urânio no país, com centenas de centrifugadoras armazenadas. Pyongyang tem manifestado recentemente vontade de regressar às negociações a a seis sobre o programa nuclear norte-coreano (envolvendo as duas Coreias, China, Japão, Estados Unidos e Rússia), mas é-lhe exigido que antes suspenda o programa de enriquecimento de urânio e a credibilidade das intenções do regime ficou profundamente abalada com a revelação da existência de centenas novas centrifugadoras. Analistas avaliam que a Coreia do Norte está a tentar ganhar vantagem negocial com a mostra de poderio nuclear e que esse mesmo princípio estará a nortear o ataque agora à Coreia do Sul. Mas é difícil de aceitar que tal ganhe a simpatia dos países que mais fortemente condenam o comportamento "de risco" de Pyongyang, até mesmo a de Pequim que até agora se tem mantido como o derradeiro aliado do já muito isolado Estado norte-coreano.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte guerra ataque medo