Como é que se vai devolver gente às lojas da Baixa de uma cidade?
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DATA: 2010-12-06
SUMÁRIO: Na era e no país dos centros comerciais, associações de comerciantes dizem que há cada vez mais marcas interessadas em estar também nas ruas, lado a lado com comerciantes tradicionais e com uma nova geração que tenta enfrentar o desemprego com pequenas lojas de produtos alternativos. Poderá isto ser o princípio de algo novo?
TEXTO: Rua dos Correeiros, é o que diz uma placa lá no alto. Entramos por aí. Hoje poderia chamar-se rua dos restaurantes: "Quer lanchar? Anda à procura do que não vai encontrar. " A voz que angaria fregueses, à entrada de um dos muitos restaurantes daqui, acertou. "Fechado", lê-se no n. º 200. Nada sobra além de um cartão de visita na porta: "Victorino de Sousa, Lda. Casa fundada em 1921. Insígnia loja de tradição. Correeiros. " Até meados de Outubro este era o último correeiro da Rua dos Correeiros, na Baixa de Lisboa. No lugar deste prédio e de mais uns quantos contíguos nascerá um hotel chamado Santa Justa. A loja era arrendada, 50 euros, e José Sousa, 73 anos, neto de Victorino de Sousa, não pôde travar o processo. Prometeram-lhe preservar a fachada da loja, com uma montra, talvez duas ou um espacinho de exposição lá dentro até. A José resta continuar a trabalhar. Agora funciona tudo por telefone. "É impossível ir para outra loja com as rendas que pedem. " Os clientes fazem as encomendas, José entrega as peças duas ou três semanas depois. Ainda produz selas e tudo o que há para cavalos à mão, personalizado, com a técnica e as ferramentas herdadas das gerações anteriores. E é pela tradição que continua, porque o negócio nem é rentável. "Fazemos duas, três peças por mês. Precisávamos de fazer cem. " Não pela falta de encomendas - tem clientes em todo o mundo -, mas porque cada peça é uma peça e o negócio está só entre a família. Uma parte do comércio de rua português é isto. Está a desaparecer. Depois há as lojas das marcas, os franchisings. E há as da gente jovem, que foge ao desemprego a abrir lojas numa linha de comércio alternativo. Com todas as dificuldades próprias do comércio de rua. Várias associações de comerciantes dizem ter a percepção de que o interesse pela rua está a voltar. "Pensamos que a sangria terminou", resume o comerciante José Quadros, da União de Associações do Comércio e Serviços (UACS), referindo-se à migração dos clientes do comércio de rua para os centros comerciais. Isto não implica, contudo, uma inversão no processo. Será possível o regresso às compras na rua, nas baixas e centros históricos, na era e na terra dos centros comerciais? A forma como cresceram as cidades ainda o permite? Ainda na semana passada as perguntas juntaram um punhado de especialistas - arquitectos, engenheiros, comerciantes - num seminário em Lisboa e quase todos apresentaram fórmulas para a revitalização deste tipo de comércio. O que os divide é o grau de certeza na resposta à pergunta: "É possível?""É cedo para dizermos que o regresso está a acontecer, mas sabemos que há empresas que estão a regressar", diz Quadros, que considera não estarmos no melhor momento para fazer uma avaliação desse género. Naquela sala de conferências, o engenheiro civil Mário Alves, especialista em transportes e mobilidade, mostrava uma fotografia aérea de Almada. Duas manchas do mesmo tamanho e separadas: "Isto é o centro comercial de Almada a concorrer com o centro de Almada. "Mas nem todos os shoppings prejudicam o comércio de rua. Alguns fazem parte dele - é o caso, exemplifica o economista Augusto Mateus, dos Armazéns do Chiado, que nãoclassifica como centro comercial. São centros comerciais em que "as pessoas saltam de um para o outro tipo de comércio". Portugal tem grandes superfícies comerciais com valores acima da média da União Europeia. De acordo com um relatório de Setembro da Cushman & Wakefield, é o décimo primeiro país europeu com mais metros quadrados de grandes superfícies por número de habitantes. O que pode ser feito
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave género desemprego