Crianças portuguesas estão entre as mais obesas da Europa
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2010-12-07
SUMÁRIO: Portugal é o terceiro país da União Europeia com mais crianças gordas, só ultrapassado por Malta e Grécia. São quase 19 por cento dos miúdos entre os 11 e os 15 anos a apresentar excesso de peso ou mesmo já obesos. E se, em relação aos adultos, o panorama não é tão mau – o país está perto da média europeia no que toca a obesos – no espaço de uma geração, a situação tende a agravar-se.
TEXTO: No relatório da OCDE sobre os indicadores de saúde da União Europeia, hoje divulgado, a obesidade surge como um dos mais graves problemas dos Vinte Sete com metade da população adulta a pesar mais que o devido e 15, 5 por cento de obesos. E se Portugal está ligeiramente abaixo da média – 15, 4 por cento – em poucos anos tudo se alterará caso as suas crianças não mudem de dieta. Até porque a tendência parece ser que se percam até os poucos bons hábitos que se tem na infância. As crianças portuguesas são as segundas da Europa que mais fruta comem mas quando chegam a adultos, os vegetais e frutos ficam arredados da dieta alimentar, consumindo bem menos que a média europeia. E depois há os maus hábitos: os miúdos portugueses são terríveis para se mexerem, são mesmo dos mais parados da Europa no que diz respeito ao exercício físico e as miúdas são as que mais depressa fogem do ginásio, verificando-se que entre 2001 e 2006 há cada vez menos garotas entre os 11 e os 15 a exercitar-se. Este cenário poderá fazer com que os indicadores de saúde para Portugal piorem. E estes nem são nada maus. Um exemplo: é o segundo país onde menos se morre de doença isquémica cardíaca. Um aspecto positivo que se desequilibra com a taxa de mortalidade provocada por AVC, que é mais elevada que a média europeia. Mas mesma esta tem vindo a baixar significativamente desde 1994, índica a OCDE. Também o cancro é menos fatal em Portugal que na maioria dos outros países, sobretudo no caso do cancro da mama e pulmonar. No caso deste último, o facto de Portugal ser dos países – o quarto em concreto – onde os fumadores consomem menos cigarros por dia (ligeiramente abaixo de um maço) pode explicar uma taxa de mortalidade mais reduzida. Porém, os padrões de consumo estão a alterar-se e, entre 1995 e 2008, foi o segundo país da Europa onde mais mulheres começaram a fumar. Outra boa notícia que ressalta deste relatório é a redução do número de mortes na estrada entre 1994 e 2008: diminui 59 por cento, um sucesso só ultrapassado pela Estónia. De uma forma geral, e com algumas excepções como a sida e o excesso de peso, o relatório revela bons indicadores para o país, desde a incidência de doenças infantis até à taxa de mortalidade. A esperança de vida é elevada – 82 anos para as mulheres e 75, 5 para os homens –, e superior à média europeia. Mas os problemas que o excesso de peso acarreta constituem uma das maiores preocupações tanto para as autoridades nacionais como europeias. Tanto mais que se prevê que os indicadores se agravem, com os custos que isso terá, não só para a saúde das próprias pessoas, como para os orçamentos nacionais destinados aos sistemas de saúde. A obesidade duplicou nos últimos 20 anos na maior parte dos Estados-membros e um recente estudo britânico indica que o preço deste problema poderá aumentar quase 70 por cento até 2015.
REFERÊNCIAS:
Entidades OCDE