WikiLeaks: Grace Mugabe tem enriquecido à custa dos "diamantes de sangue"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.375
DATA: 2010-12-11
SUMÁRIO: Grace Mugabe, mulher do Presidente do Zimbabwe, teria sido um dos elementos da elite dirigente do país a beneficiar com o comércio ilegal de diamantes, segundo um telegrama diplomático norte-americano divulgado pela WikiLeaks.
TEXTO: Tanto a mulher de Robert Mugabe como Gideon Gono, governador do Reserve Bank of Zimbabwe (RBZ), e outras figuras do regime teriam conseguido milhões de dólares ao contratarem equipas de garimpeiros, diz a mensagem enviada em Novembro de 2008 para Washington pelo então embaixador norte-americano em Harare, James D. McGee. Os aliados do Presidente andariam a aproveitar-se dos diamantes do campo de Chiadzwa, no distrito de Marange, jazida que pertencia a uma empresa com sede no Reino Unido e foi nacionalizada em 2006. “Vendem os diamantes, não documentados, a uma série de compradores estrangeiros, incluindo belgas, israelitas, libaneses, russos e sul-africanos, que os retiram do país para serem lapidados e revendidos”, afirma a correspondência diplomática reproduzida esta sexta-feira pela imprensa britânica e pelo site norte-americano Bloomberg. As minas de diamantes de Marange, nas proximidades da fronteira com Moçambique, têm sido cenário de abusos dos direitos humanos, com as Forças Armadas a controlarem o trabalho forçado de crianças e adultos, conforme denunciou o ano passado a Human Rights Watch (HRW). “Parte do rendimento daqueles campos tem sido canalizado para destacados elementos da ZANU-Frente Patriótica”, já então dizia a HRW, tal como agora a informação posta a circular pela WikiLeaks, cuja novidade é especificar o nome de elementos da família presidencial e do poderoso governador do banco central. Esquemas corruptos“Num país cheio de esquemas corruptos, o negócio dos diamantes é um dos mais sujos”, diz o telegrama de Novembro de 2008 citado em jornais como o “Daily Telegraph”. Washington tem vindo a estar particularmente atenta ao que se passa no distrito de Marange, a sueste de Harare, na província de Manicaland, por suspeitar de que alguns dos libaneses aos quais os diamantes são vendidos trabalham para a rede Al-Qaeda, de Osama bin Laden. A maioria dos diamantes que dão lucro a Grace Mugabe e a outras figuras que rodeiam o Presidente segue para os Emiratos Árabes Unidos e é vendida no Dubai Multi Commodities Centre, que funciona na zona franca de Jumeira. O Processo de Kimberley, entidade global com base em Jerusalém que fiscaliza as vendas dos chamados “diamantes de sangue”, oriundos de zonas de conflito, terá ainda de decidir se as exportações das gemas dos campos de Marange serão ou não permitidas. Grace Mugabe, a que muitos dos seus compatriotas se referem como “Dis Grace”, já mandou construir dois palácios desde que há 14 anos se casou com o Presidente, do qual era secretária, até ele enviuvar de Sally Hayfron, natural do Gana. Em Outubro, o “Sunday Times”, da África do Sul, alegou que a primeira dama zimbabweana manteria há cinco anos uma ligação afectiva com o governador do banco central agora citado a seu lado nos documentos da WikiLeaks. Entretanto, não é só de diamantes que esta correspondência diplomática fala, mas também das relações de poder e de uma ZANU-Frente Patriótica bastante fracturada. “É como um cartucho de TNT, susceptível de entrar em ignição e se desintegrar”, disse uma fonte local citada num telegrama do embaixador Charles A. Ray, em Fevereiro deste ano. O partido de Mugabe só se manteria relativamente coeso devido à ameaça constituída pelo Movimento Democrático para a Mudança (MDC), do primeiro-ministro Morgan Tsvangirai, e às pressões externas. A ZANU-PF foi comparada por aquela fonte, cujo nome aparece rasurado no telegrama hoje reproduzido pelo “Guardian”, a “um bando de macacos que incessantemente se guerreiam, mas que se unem para enfrentar uma ameaça externa”.
REFERÊNCIAS:
Étnia Árabes