Lady Gaga: A glorificação da aspirante a freak
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-11
SUMÁRIO: Imitou os trejeitos de Madonna, saiu de uma tenda de enfermagem apenas com duas cruzes a taparem-lhe os mamilos, enfim, Lady Gaga mostrou por que é o novo ícone da pop juvenil.
TEXTO: Dezoito mil duzentas e cinquenta almas receberam, num êxtase passível de ser descrito como absoluto, a primeira passagem de Lady Gaga por Portugal, ontem, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa. "Portugal" foi, aliás, a palavra que a artista mais repetiu, provocando histeria colectiva a cada menção. Gaga gritou "Portugal" antes das canções, depois das canções e ainda arranjou maneira de incluir referências ao país nas letras. O público, maioritariamente constituído por crianças e adolescentes do sexo feminino, conhecia cada palavra de cada canção - e foi curioso ver mães e filhas pré-púberes a cantar alegremente letras como I'm a bitch, imitando em simultâneo os sugestivos trejeitos dançantes da americana. Esperava-se que o concerto fosse uma megaprodução cénica, mas longe disso: havia uns néons com dísticos a imitar os diners americanos, houve fogo no piano durante uma balada, um carro cuja capota quando aberta revelava um sintetizador, houve uma espécie de redoma gigante no meio do público, de onde saiu a cantora. Mas o verdadeiro cerne do concerto, para lá das canções, da jaula de néons que trepou, dos dançarinos drag queen, dos milhentos vestidos (um deles sendo uma espécie de vestido de noiva com problemas psiquiátricos) foi a persona Gaga, espécie de padroeira dos freaks - ou pelo menos assim quis parecer. Disse que não era corajosa, mas os fãs faziam-na ser, incitou a que os presentes esquecessem todos os que os haviam tratado mal e não haviam acreditado neles porque, tal como ela, cada fã é uma estrela (depois agradeceu a Portugal). Em seguida mostrou-se comovida por terem vindo vê-la porque, disse, sabia que os fãs tinham poupado um ano inteiro para comprar o bilhete, a farpela e conseguir transporte para o concerto (sic). Depois agradeceu a Portugal na mais alta oitava que conseguiu atingir. Pelo meio imitou trejeitos de Madonna, em particular nos vídeos projectados em fundo, saiu de uma tenda de enfermagem apenas com duas cruzes a taparem-lhe os mamilos, debitou canções techno-pop de batida xunga (estilo que é o grosso do alinhamento e que usa para criar um ambiente de discoteca-igreja) a uma velocidade vertiginosa e ainda aceitou prendas dos fãs (a quem agradeceu à volta de um milhar de vezes). Também confessou que no liceu era gozada, mas que nasceu assim. "We love you!", gritaram as fãs no fim - tal como haviam feito no início e durante todo o concerto. Fila em redor do Pavilhão AtlânticoAnsiosos, mas sem histerismos, era como estavam os cerca de cinco mil fãs portugueses e estrangeiros que aguardavam na tarde de ontem à porta do Pavilhão Atlântico, em Lisboa, para assistir ao concerto da cantora norte-americana Lady Gaga. Cerca das 16h30, alguns milhares de pessoas faziam fila em redor do Pavilhão Atlântico, à espera que as portas do recinto abrissem, para garantir o melhor lugar e assistir à estreia de Lady Gaga em Portugal. Havia muita gente sentada no chão, em piqueniques improvisados, a ultimar pinturas na cara, a ensaiar canções prováveis do concerto, a aprumar a melhor indumentária, mas num ambiente descontraído e sem histerismos. Nas filas de espera sobressaíam óculos escuros, cabeleiras loiras, bocas pintadas de negro, chapéus em forma de telefone, roupas justas, camisolas estampadas, correntes e véus, adereços que remetem para o universo visual e artístico da intérprete de Paparazzi. Diogo Correia e Carolina Silva viajaram de Sines e disseram à agência Lusa que este era "o concerto mais esperado nestes meses todos em que ela está na ribalta".
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave negro sexo espécie cantora