"No ensino estatal, os governantes mexem muito em pouco tempo”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-12
SUMÁRIO: Nas duas escolas, uma estatal, outra privada, situadas no centro de Coimbra, há heterogeneidade de alunos e diversas actividades extra-curriculares. Mas no colégio as instalações e a disciplina saltam à vista
TEXTO: Mal o padre Manuel Carvalheiro Dias entra numa sala do Colégio de São Teotónio, em Coimbra, os alunos do 5º ano levantam-se. A cerca de dois quilómetros, na estatal EB 2, 3 Dra. Maria Alice Gouveia não há esta regra. É importante? “É sinal de respeito por qualquer pessoa que entre”, diz o director do colégio. As duas escolas têm alunos de várias classes, nacionalidades e credos. A directora da EB 2, 3, Margarida Girão, acredita, porém, que “há mais heterogeneidade na pública”: “É mais difícil de gerir, mas os alunos saem a ganhar, a nível humano e social”. O director do São Teotónio – onde há contratos de associação no 2º e 3º ciclos - também garante que o colégio se pauta pela diversidade e que, apesar de ser católico, recebe alunos de outras religiões. E mostra a carta de um muçulmano que elogia a forma como a escola integrou as filhas. Ali, há um cumprimento rígido das normas: quando se cruza com o padre, um aluno que se prepara para entrar na aula de teatro explica, de imediato, que o chapéu que traz na cabeça - o que não é permitido na escola - faz parte da caracterização da personagem. “Aqui estamos num cantinho do céu, tendo em conta aquilo que se ouve do oficial… E os pais escolhem-nos pelo acompanhamento que damos e pela disciplina também”, diz a professora Ida Lisa Ferreira. Opinião diferente tem João Ramalho, professor de Educação Musical, na EB 2, 3 Dra. Maria Alice Gouveia. Já deu aulas no privado e no público e considera que nos estabelecimentos particulares se trabalha muito para as “festas de Natal e de Páscoa” e menos “a nível curricular”. “E nunca tive problemas de indisciplina. O ensino público é mais livre, mas isso não quer dizer que seja mais irresponsável ou indisciplinado”, defende. InstalaçõesOs alunos não reclamam das instalações do colégio: tem cine-teatro, ginásio, pavilhão, biblioteca, ludoteca com bilhar, matraquilhos, ping-pong. . . Na EB 2, 3 Dra. Maria Alice Gouveia, não há aquecimento nas salas e as meninas queixam-se das casas de banho. Margarida Girão diz que estão “cheias de razão” e que a escola precisava de obras. A directora acredita, porém, que nem tudo se resolve só com dinheiro e dá como exemplo o bar que foi remodelado com o trabalho dos pais, incluindo uma arquitecta responsável pelo projecto. “Num domingo à noite, fomos um grupo em carros ligeiros buscar mobiliário duma empresa de restauração que ia deitar tudo fora. Fazem-se coisas em dinheiro, não se faz é nada sem trabalho”, diz a directora. A responsável não se coíbe, porém, de apontar como problemas da escola estatal o excesso de burocracia e o facto de a gestão ser feita tendo em conta decisões do Ministério da Educação. “Somos rigorosos, mas os recursos são cada vez menos”, diz referindo-se, entre outros, à diminuição de professores. Esta é uma das razões que leva Carlos Alcobia a escolher o São Teotónio para os filhos: “Há estabilidade do corpo docente. As crianças vêm para aqui com dois anos e saem no 12º. Na estatal, mexe-se muito em pouco tempo. Os governantes andam sempre a mexer nos professores, nos currículos, sem saber se têm resultados …”, diz, acrescentando que é um descanso poder ter os filhos no colégio das 8h30 às 19h00, em aulas e actividades (basquetebol, judo, ballet, guitarra…). Na estatal, as portas fecham às 18h30, há uma manhã e uma tarde em que os alunos não têm aulas, e também há clube de música, de teatro, desporto…
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE