Região Norte está cada vez mais pobre do que a Galiza
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DATA: 2010-12-13
SUMÁRIO: A fronteira político-geográfica quase não existe, mas entre o Norte de Portugal e a Galiza há uma linha de demarcação clara, cada vez mais clara, para mal dos portugueses. A diferença de rendimento por habitante entre as duas regiões, que era já era grande, agravou-se 13,7 pontos percentuais, para 40,3 por cento, entre 2000 e 2007. É um retrato duro da performance da economia nortenha, retirado do Anuário Estatístico da Euro-Região, documento que é hoje apresentado em Santiago de Compostela.
TEXTO: O produto interno bruto regional galego cresceu sustentadamente desde o início do milénio - mesmo com contratempos graves como o desastre do Prestige, em 2002 - e, como se pode verificar no gráfico com dados a partir de 2002, a sul do rio Minho só entre 2004 e 2007 houve algum crescimento, mas ténue. De tal forma que foi muito celebrada a subida de 2, 5 por cento conseguida em 2007. Mas essa subida não só não foi repetida como, segundo os dados provisórios de 2008, visíveis no gráfico, deram lugar a um crescimento negativo, de menos 0, 1 por cento, agravando ainda mais o fosso para os vizinhos galegos, que estimam ter conseguido fazer crescer o seu PIB 1, 7 por cento, nesse ano. O anuário, exercício de análise conjunta feito pelo Observatório das Dinâmicas Regionais da Comissão de Coordenação da Região Norte e pelo Instituto Estatístico da Galiza (IEG), faz parte de um esforço de cooperação que as duas entidades vêm desenvolvendo há duas décadas, e que culminou na criação da euro-região, num assumir do muito que une este espaço do Noroeste peninsular. Mas, curiosamente, o IEG deixou de ter um parceiro de trabalho no Norte, com a extinção da delegação do Porto do INE, uma falha que o observatório criado pela CCDRN tenta colmatar. As duas regiões, mostram-no os números, estão muito parecidas em muitos aspectos. O Norte, com quase mais um milhão de habitantes (3, 7 milhões) tem vindo, como a Galiza, a registar um fraco crescimento populacional. Ambas se terciarizaram em força nas últimas décadas (em 2009, o sector tinha 51, 4 por cento nos activos no Norte de Portugal e 65, 1 por cento na Galiza. E até no desemprego estão parecidas, embora por motivos bem diferentes. Os galegos estão com uma taxa de desemprego (12, 7%) ligeiramente superior à de 2002. Os nortenhos mais do que duplicaram a taxa de 4, 9 por cento que registavam nesse ano, para os 11 por cento de 2009. As notícias não são boas, admite a a vice-presidente da CCDR-N com o pelouro das relações com a Galiza, Ana Teresa Lehman, não deixando de assinalar que o anuário se circunscreve às estatísticas disponíveis e, acima de tudo comparáveis, faltando ao retrato do Norte alguns aspectos que podem, espera-se, vir a mudar a rota de divergência com a economia galega. Lehman refere-se a áreas como a inovação empresarial, o sistema científico e universitário, onde o Norte, considera, está a marcar pontos. O poder da autonomia"Há razões económicas e políticas" para esta divergência, assume Teresa Lehman, lembrando "a força do tecido produtivo galego". Em áreas importantes, como a indústria automóvel, a Galiza tem a PSA de Vigo, "investimento estrangeiro de dimensão consideravel, que o Norte deixou de ter", nota, acrescentando que as pescas são uma "aposta da política regional" e, no têxtil, a Inditêx [detentora da Zara] é, em alguns indicadores, a primeira do sector. No entanto, a vice da CCDRN considera que o quadro político-institucional terá mais peso nesta discrepância de rendimentos entre duas regiões que considera muito parecidas, socialmente. Para Lehman, é claro que a Galiza, no contexto das autonomias espanholas, tem uma capacidade que o Norte, num país centralizado como Portugal, não tem. "A Galiza tem um orçamento próprio, uma capacidade de gerir dossiers e recursos em favor de uma estratégia regional que, ao longo do tempo, se mantém com relativa estabilidade, mesmo com mudanças políticas", argumenta. Um exemplo claro desta capacidade é o projecto de ligação em velocidade elevada entre Porto e Vigo. O Governo galego mudou de cor, mas a vontade de o fazer não, enquanto, em Portugal, o Governo já teve várias posições sobre o projecto, entretanto adiado.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave extinção desemprego