Sabe de onde vem o seu cabelo?
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-14
SUMÁRIO: Estará a indústria das extensões de cabelo a violar direitos humanos? A pergunta foi feita à ONG americana Human Rights Watch. Os serviços de imprensa da organização responderam ao P2 que "não é possível fornecer dados, porque nunca foi feita qualquer investigação sobre o tema".
TEXTO: É sabido que há cada vez mais mulheres que recorrem às próteses de cabelo humano para alcançarem um aspecto glamoroso. Mas o ponto de partida do negócio é ainda um engima: porque há mulheres de países pobres que vendem ou doam o seu próprio cabelo - e em que condições o fazem?"As extensões de cabelo são provavelmente o segmento da cosmética capilar que mais tem crescido", afirma Dajana Schneider, porta-voz da Hairdreams, empresa de distribuição de extensões que domina o mercado euro-americano, juntamente com a Great Lenghts. "O negócio continuará a crescer nos próximos anos acima da média. A procura é impulsionada pelas celebridades que usam extensões" e que influenciam as mulheres comuns a fazerem o mesmo. Além disso, acrescenta Dajana Schneider, "há cada vez mais mulheres que têm cabelo quebradiço ou queda de cabelo". A Hairdreams tem sede em Graz, na Áustria. Foi fundada em 1994 pelo empresário Gerhard Ott e chegou a Portugal há quatro anos. Segundo informação oficial, exporta principalmente para a Europa, os EUA e o Médio Oriente. Trabalha com mais de 50 salões de beleza portugueses. Quanto à Great Lenghts, nasceu em Londres, em 1991, pelas mãos do italiano David Gold. É representada em Portugal pela Leocris desde 1997 e está presente em mais de 70 localidades. Antes de se transformarem em colossos, eram ambas pequenas empresas familiares. Acompanharam e foram responsáveis pelo boom das extensões, há cerca de 15 anos. A moda tinha começado, ainda que discretamente, nas décadas de 70 e 80, nos EUA, junto das mulheres negras, lê-se no livro Talking Visions: Multicultural Feminism in a Transnational Age, de Ella Shohat (MIT Press, 2001). A famosa revista afro-americana Ebony escrevia em Junho de 1988: "As extensões de cabelo são agora mais populares do que nunca e permitem fazer penteados para os quais o seu cabelo natural não estaria preparado. " Muito antes disso, era uma prática corrente em algumas zonas de África, através de uma técnica conhecida por "tissagem". Como as starsA massificação dar-se-ia nos anos 90. A ex-cantora das Spice Girls Victoria Beckham é apontada como uma das principais responsáveis pela disseminação mundial das extensões, uma vez que era, e é, utilizadora habitual. Ao que vão escrevendo as revistas cor-de-rosa, o mesmo acontece hoje com Beyoncé, Paris Hilton, Lady Gaga, Jessica Simpson, Lindsay Lohan, entre muitas outras celebridades americanas. Nos desfiles de moda de Paris, Milão ou Nova Iorque é hoje comum ver modelos com extensões a apresentarem criações deGivenchy, Cavalli ou Victoria"s Secret. Guido Palau, superestrela dos cabeleireiros de moda, é um adepto assumido das extensões. "Contam-se pelos dedos da mão as mulheres que nunca usaram", assegura Ana Martins, proprietária do salão Academia de Extensões Capilares, em Lisboa. Entre 1997 e 2007, trabalhou para a Great Lenghts, através da Leocris, e foi directora técnica. Fazia a ponte entre a empresa e os cabeleireiros. "No início foi muito difícil convencer as portuguesas a usarem extensões, diziam que era um hábito das mulheres negras e recusavam-se", recorda. "Quando perceberam que as figuras públicas usavam, começaram a aderir. " Hoje é um produto procurado por "mulheres que gostam de se mimar ou que têm o cabelo curto, fino ou espigado. As extensões mudam muita coisa nas pessoas, e não é apenas no visual: dão mais autoconfiança e auto-estima". Dos 100 aos mil eurosSegundo Ana Martins, cada extensão tem cerca de 20 fios de cabelo e custa entre 3, 75 e 6 euros. A aplicação no couro cabeludo demora em média 90 minutos. E o preço final tanto pode chegar aos 100 como aos mil euros. "Depende do efeito que a cliente pretende e da quantidade de extensões a utilizar", diz a especialista. "Aguentam até seis meses com óptimo aspecto, mas precisam de manutenção uma vez por mês. "
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA