Granada atingiu embaixada norte-americana na Costa do Marfim
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DATA: 2010-12-16
SUMÁRIO: A embaixada norte-americana em Abidjan foi hoje atingida por uma granada perdida, no meio da confusão reinante.
TEXTO: O engenho atingiu a representação diplomática dos Estados Unidos durante o combate das forças governamentais aos manifestantes que pretendiam avançar para os estúdios da televisão estatal, anunciou em Washington o Departamento de Estado. "Parece que uma RPG errante atingiu o perímetro exterior da embaixada, tendo causado apenas danos ligeiros", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner. Seis mortos e oito feridos é por enquanto o balanço provisório dos tiros de hoje na capital comercial da Costa do Marfim, enquanto forças de segurança que se deslocam em camiões, equipados com metralhadoras, bloqueiam as estradas. Entrevistas telefónicas feitas pela Amnistia Internacional a pessoas que se encontram no terreno indicam porém que já teria havido mesmo nove mortos. A polícia está a tentar dispersar os partidários do Presidente eleito Alassane Ouattara que pretendem desfilar até às instalações da televisão estatal, no centro da cidade de Abidjan. Ouvem-se disparos de armas pesadas, segundo o relato da Reuters. Os manifestantes desejariam ocupar a televisão e expulsar de lá a administração que permanece fiel ao Presidente cessante, Laurent Gbagbo, que não quer reconhecer o facto de haver sido derrotado nas urnas, segundo dados que foram validados pelas Nações Unidas. O Exército, que tal como a polícia permanece leal a Gbagbo, cerca as instalações da televisão, acusando os manifestantes de procurarem deliberadamente entrar em confronto. Quanto às Nações Unidas, apesar de terem reconhecido Ouattara como Presidente eleito, recusaram o seu pedido para garantir a segurança deste desfile até à televisão. O secretário-geral Ban Ki-moon solicitou às duas partes que evitem fazer qualquer coisa que possa provocar actos de violência; e duas dezenas de organizações não governamentais de diferentes países também apelaram à calma. Num comunicado distribuído em Paris, disseram que já houve “dezenas” de mortos desde a segunda volta das presidenciais, no dia 28 de Novembro, pelo que temem para hoje e amanhã uma grande escalada da violência. A França não tenciona intervir, nem interpor-se entre as duas partes. Quanto à Bélgica, aconselhou os seus cidadãos que se encontrem na Costa do Marfim a que deixem temporariamente o país, uma vez que ninguém sabe o que é que lá poderá acontecer durante os próximos dias. Estados Unidos, Canadá e Holanda já haviam procedido de idêntico modo, por haver o receio de uma guerra civil. Os missionários mormons já partiram. “O secretário-geral das Nações Unidas recorda aos que incitam ou exercem violência, e aos que usam os media com esse objectivo, que serão responsabilizados pelas suas acções”, disse à BBC o seu porta-voz Martin Nesirky. Enquanto isto, Ban Ki-moon voltou a pedir a Gbagbo que se demita. Os partidários de Ouattara programaram ocupar hoje os estúdios da televisão estatal e amanhã o gabinete do primeiro-ministro indigitado por Laurent Gbagbo, Aké N'Gbo, de modo a obrigarem ambos a aceitar uma transferência do poder. “Os dois campos estão a radicalizar-se”, comentou Dominique Assalé-Aka, vice-presidente da Convenção da Sociedade Civil Marfinense. Muitos estabelecimentos fecharam e as ruas do centro da cidade estão desertas. O correspondente da BBC em Abidjan, John James, relatou esta manhã que as forças de segurança dispararam tiros para o ar e recorreram a granadas de gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes em alguns subúrbios da cidade. Três das mortes registadas foram no bairro de Adjamé e a quarta no de Koumassi. Ouattara e o primeiro-ministro por ele escolhido, Guillaume Soro, encontram-se entrincheirados num hotel, que está a servir como a sede de um poder paralelo ao de Laurent Gbagbo. E é precisamente nas imediações desse hotel que o fogo é mais forte, se bem que também se verifique noutras zonas da cidade.
REFERÊNCIAS:
Étnia Aka