Lançada petição contra a decisão de retirar o Português das provas de admissão em França
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-16
SUMÁRIO: A École Polytechnique e a École Normale Supérieure vão retirar o Português das provas de admissão em 2012.
TEXTO: O Português, o Italiano e o Russo vão ser suprimidos das provas de admissão aos cursos de duas das mais prestigiadas escolas do ensino superior francês - a École Polytechnique e a École Normale Supérieure - a partir de 2012. As escolas anunciaram a intenção de reduzir a oferta de línguas vivas nas suas provas de admissão, mas vão manter o Alemão, o Inglês, o Árabe, o Chinês e o Espanhol. Isto causou indignação na comunidade lusófona e a Associação para o Desenvolvimento dos Estudos Portugueses, Brasileiros e da África e Ásia Lusófonas (ADEPBA) lançou anteontem uma petição na Internet (http://www. petitionpublique. fr/ pi=P2010N4578) e enviou cartas para as duas instituições, para diversas embaixadas lusófonas em Paris (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde) e para ministérios franceses (da Defesa, da Educação Nacional e do Ensino Superior), mostrando indignação. "Sejam quais forem as razões que motivam a esta decisão - simples comodidade, economia, pedagogia, apreciação, etc. - são dificilmente admissíveis para uma instituição como a vossa", escrevem, pedindo a seguir que estas instituições voltem atrás na sua decisão. Francisco Seixas da Costa, embaixador de Portugal em França, explicou ontem ao PÚBLICO que esta questão - que foi noticiada pelo Expressoonline - surgiu há semanas e que os seus efeitos, "a concretizarem-se", terão lugar a partir de 2012. A Embaixada de Portugal em França tem estado em contacto directo com as autoridades francesas. "O nosso objectivo é tratar o assunto de uma forma compatível com o que entendemos ser o estatuto internacional da língua portuguesa, bem como a importância que esta língua tem para muitos sectores deste país", disse o embaixador por email. Na petição lê-se que "esta decisão é contrária aos acordos bilaterais sobre o desenvolvimento das respectivas línguas assinados entre Portugal e a França a 10 de Abril de 2006 e entre o Brasil e a França, igualmente durante o ano de 2006". Francisco Seixas da Costa explicou que "a avaliação da eventual compatibilidade destas medidas com os compromissos bilaterais luso-franceses está ainda por fazer", porque se trata de "medidas tomadas no âmbito de entidades descentralizadas, com competências próprias". No entanto, a embaixada vê com "grande simpatia" a mobilização que esta petição pública representa: "Ela também nos ajuda a sublinhar, junto dos poderes público franceses, a relevância para a sociedade civil de um tema que, naturalmente, a todos nos é muito caro. "Também o vice-presidente do Instituto Camões, Mário Filipe da Silva, lembra que as autoridades francesas e estas escolas têm autonomia e políticas internas próprias. "Não é uma questão que a França ou que uma determinada escola tenha que comunicar a Portugal ou ao Instituto Camões, mas é uma questão preocupante e pela nossa parte não é uma questão arrumada", explicou. "Estamos a trabalhar no sentido para que isso não suceda. " Para já, o Instituto Camões está a avaliar as políticas em relação às línguas dessas instituições, que tradicionalmente eram pela diversidade. "Tendo em conta que a língua portuguesa tem vindo a ganhar importância e visibilidade internacional, estas instituições francesas estão a ir contracorrente. Estamos a tentar obviar a que isso suceda", acrescentou. Lutar contra estereótipoO conselheiro da Câmara de Paris Hermano Sanches Ruivo (de origem portuguesa) apoia a petição e faz parte dos que estão a reagir, porque sabe que o número de pessoas que têm interesse pela língua portuguesa em França está a aumentar por causa de mercados emergentes como o Brasil ou Angola. "Temos uma política constante de considerar que o ensino da língua portuguesa está ligado à imigração e por isso não é prioritário. A essa interpretação junta-se a de não se considerar que a língua portuguesa seja indispensável para mercados exteriores. É um erro e um estereótipo. "
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola imigração educação ajuda comunidade chinês