Alegre diz-se descansado com Cavaco em Belém, mas o Estado social pode acabar
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-17
SUMÁRIO: Questionado sobre se dormirá descansado, caso Cavaco Silva seja reeleito para a Presidência da República – disse que sim em 2006 -, Manuel Alegre mantém a resposta, mas não dá como garantido que Cavaco Silva defenda o Estado social “contra o projecto estratégico da direita que visa a sua destruição”, afirmando que é por isso que a sua vitória é "necessária".
TEXTO: Na conversa “chat” que teve hoje com os leitores do PÚBLICO, Manuel Alegre começou por explicar que se candidata para restituir à função presidencial uma dimensão política que permita a afirmação dos direitos democráticos, políticos e sociais, “contra os poderes financeiros”. Alegre, apoiado pelo PS e pelo BE, vincou a sua posição: é contra a entrada do FMI no país e, a concretizar-se, seria uma situação “humilhante” para Portugal, para além dos sacrifícios que imporia aos portugueses. Questionado sobre o papel que o Presidente da República (PR) deve ter relativamente à justiça, o candidato socialista realçou a importância da separação de poderes em democracia, mas admitiu que a “morosidade da justiça é um dos mais graves problemas do Estado de direito democrático”. O PR, defendeu, deve promover esse debate, chamando a atenção do Governo e da Assembleia da República para a questão, “tendo em vista um pacto político alargado que permita pôr a justiça a funcionar a tempo e horas". Alegre disse também que se opõe à alteração das leis laborais e lembrou que votou contra quando era deputado, justificando que “não é por aí que se tem de resolver o problema do crescimento económico, da competitividade e do combate ao desemprego”. "Companheiro de viagem"Sobre a precariedade e o futuro das gerações mais novas, o candidato deixou uma palavra de esperança à juventude e prometeu ser um “companheiro de viagem e até de insubmissão dos jovens, para que tenham um lugar ao sol no seu país e se libertem da insegurança e da precariedade”. Alegre defendeu, em consequência, que é preciso mudar de paradigma de desenvolvimento, apostando na qualificação dos quadros e na “inovação tecnológica e social”. Um dos leitores arriscou perguntar se teria dissolvido a Assembleia da República perante a crise económica e social. Alegre respondeu que “o poder de dissolução é um poder discricionário que só o Presidente, com total liberdade e perfeito conhecimento da situação, pode utilizar”. Lembrou que a “palavra” é a principal arma de um PR e aproveitou para acusar Cavaco Silva de contradição, quando, por um lado, fez afirmações sobre a situação “explosiva” do país e, por outro, não usou a sua influência presidencial para os resolver. “Acrescentou pessimismo ao pessimismo”, acusou, por último, Alegre, e não teve, por exemplo, “coragem” de vetar a lei do casamento homossexual, de modo a ser coerente com os “valores que defende”. Sobre as mulheres portuguesas, o socialista recorreu à “igualdade” para se posicionar, frisando que essa igualdade deve passar pela “profissão, política, família” e apontou a discriminação no trabalho como um dos principais problemas, afirmando-se também preocupado com o aumento da violência doméstica. Crente no projecto europeuO candidato está apreensivo com a submissão dos países periféricos da Europa face à Alemanha e considerou que “é necessária uma coordenação de esforços de todos os estados democráticos, que desejam preservar o projecto europeu de prosperidade, partilhado entre países soberanos e iguais”. E afirmou-se crente na continuidade do projecto europeu. A questão do WikiLeaks interessou igualmente os leitores. Manuel Alegre disse que acha que é necessária reflexão sobre o assunto, porque é “um problema novo, que requer uma séria reflexão entre valores contraditórios que estão em choque: o da liberdade de informação por um lado, e o de segredo de Estado por outro. "Chegou ao fim, com a presença de Manuel Alegre, o ciclo dos quatro "chat" com os candidatos à PR. Cavaco Silva foi o único dos cinco candidatos que recusou participar na iniciativa do PÚBLICO. Notícia corrigida às 13h20
REFERÊNCIAS:
Partidos PS BE