A medicina ainda fala pouco da vagina
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento -0.18
DATA: 2010-12-27
SUMÁRIO: O Sexo e a Cidade deu grandes lições às mulheres. Aprenderam que os Manolos são os melhores sapatos do mundo, que comprar uma Louis Vuitton é como comprar ouro, um investimento, que mostrar as alças do soutien é cool. Aprendemos coisas deCidade, portanto. Também houve lições de Sexo: o sémen de alguns homens tem cheiro, as mulheres ejaculam, um pénis largo dá mais prazer do que um comprido mas fininho. Mas a maior lição de todas foi mais discreta.
TEXTO: Miranda: Qual é o grande mistério? A minha vagina, não a esfinge!Por mais sofisticadas - no vestir, no falar, no beber, no namorar - que as mulheres sejam, a vagina continua a ser, para elas, uma desconhecida. Vai-se aprendendo um bocadinho de cada vez. Às vezes, quando tudo corre mal, tira-se um curso intensivo. E há tanta coisa que pode correr mal. Sobretudo se nos lembrarmos que a vagina é uma cavidade e está rodeada por músculos. No corpo, o que mais se parece com ela é a boca, diz Isabel Ramos, fisioterapeuta especializada nas áreas da obstetrícia ginecologia e pediatria. "Uma das razões por que as mulheres sabem tão pouco da sua vagina é não a poderem ver. Mesmo usando um espelho, só podem ver por fora", explica a ginecologista e obstetra Teresinha Simões. Não podem, ou não querem. "Quanto faço exames, tenho um aparelho e as pessoas podem ver, mas muitas mulheres não querem. Algumas não sabem que a vagina não é um buraco aberto e têm medo de perder um tampão ou um preservativo", diz esta médica. Há duas explicações relacionadas que explicam tanto desconhecimento. A vagina está associada à sexualidade e esse ainda é um tema muito oculto na sociedade ocidental. Talvez por isso a medicina tenha demorado tanto tempo a falar dela, das suas funções e da sua saúde. A verdade é que a maioria das mulheres não teve quem lhe explicasse que a vagina é uma mucosa rodeada de músculos. E se estes músculos (o pavimento pélvico) têm um papel sexual importante, também são eles que suportam o útero, a bexiga e o intestino. Por isso, temos que lhes dar atenção, como damos atenção aos músculos da barriga ou dos braços. E, ao longo de toda a vida, sobretudo se pensarmos que a vagina é o canal natural para ter filhos, quem planeia tê-los precisa de fortalecer a musculatura. Rupturas e prolapsosQuando há lesões musculares, os órgãos ficam fora do lugar e aparecem os problemas. Podem ocorrer rupturas de ligamentos, alargamentos da vagina e prolapsos do útero, da bexiga, do intestino e, nestes últimos casos, aparece a incontinência urinária ou fecal. São múltiplos os factores que podem danificar os músculos do pavimento pélvico. Imaginemos uma mulher que trabalha numa grande cozinha e tem que carregar sacos de batatas e grandes panelões todo o dia; a força abdominal pode provocar danos. Também há factores genéticos. E o parto vaginal, sobretudo quando é prolongado e o bebé tem mais de quatro quilos. Às vezes, as mulheres nem dão por isso. Há 13 anos, quando teve o primeiro filho, Maria Tomás acreditou que estava tudo normal. A roupa de antes da gravidez servia-lhe. Não tinha quebras de energia, falta de apetite sexual, dores. . . "Só sentia um incómodo. Por exemplo, quando vestia calças de ganga. Havia uma impressão, sentia-me mais larga, mais aberta. "O primeiro filho demorou oito horas a nascer. O parto, induzido às 40 semanas, não correu bem. O bebé era grande, mais de quatro quilos. Foi um parto vaginal. Com dois dedos de dilatação - conta Maria -, deram-lhe a epidural. "Estive oito horas com dores e sem dilatar. Foi horrível. Tiveram que me dar uma segunda epidural quando a dilatação aumentou e depois foi rápido. Mas eu nem sequer olhei para o bebé, só queria que aquilo acabasse. "A seguir, veio "o normal". Não são as próprias mulheres quem diz que depois de dar à luz nunca mais se é a mesma?"Sim, achei que era mesmo assim. " E assim o "incómodo" permaneceu. Permaneceu quatro anos. "Quando engravidei pela segunda vez, fiquei um mês de repouso. Tinha uma vida mais stressante, mais agitada, mas sobretudo tinha a "barriga" muito em baixo e, para não haver riscos, fiquei em descanso", conta Maria Tomás, que tem 43 anos e é redactora de publicidade.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filho mulher medo sexual mulheres corpo sexualidade vagina