Antigo Presidente de Israel condenado por violação
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-30
SUMÁRIO: O antigo Presidente israelita Moshe Katsav foi considerado culpado de violação por um tribunal de Telavive.
TEXTO: “Nunca antes um Presidente no mundo democrático foi considerado culpado de tais acções”, escrevia o diário israelita “Ha’aretz” na sua edição on-line, considerando que o responsável "manchou a democracia israelita com vergonha". O caso apreciado pelo tribunal diz respeito a duas queixas de uma funcionária do seu gabinete quando era ministro do Turismo, nos anos 1990. Mais tarde, surgiram outras alegações de crimes sexuais de Katsav. Os juízes consideraram credíveis as provas apresentadas pela funcionária, descrita como “mulher A. ”, que descreveu uma primeira violação no gabinete no ministério do Turismo em Abril de 1998 e uma segunda, mais tarde, num hotel em Jerusalém, segundo a emissora britânica BBC. Outras duas mulheres fizeram queixa de Katsav por assédio sexual já quando este era Presidente, em 2003 e 2005. Ainda segundo o tribunal, os factos alegados pelas vítimas foram corroborados por vários testemunhos (em relação à relação de trabalho e ao modo como Katsav começou por elogiar as mulheres e depois humilhá-las quando estas não responderam aos seus avanços) e o testemunho de Katsav "estava cheio de incoerências e mentiras". Foi aliás por causa de uma destas queixas que rebentou o escândalo que acabou por levar à demissão do Presidente, que sempre clamou inocência. Em 2007, após sete anos na Presidência, a pressão pública acabou por forçar Katsav a demitir-se. Foi formalmente acusado em 2009. Segundo o diário israelita “Ha’aretz”, o tribunal considerou o antigo Presidente culpado de violar e atacar sexualmente uma antiga funcionária do Ministério do Turismo, assediar sexualmente uma funcionária da residência presidencial, abusar sexualmente e assediar outra funcionária da residência e de obstrução à justiça. Foi declarado inocente de apenas uma das acusações, de que teria assediado uma testemunha. Katsav tinha antes rejeitado um acordo proposto pelo tribunal em que confessando uma acção inapropriada poderia evitar uma acusação de violação. O político sempre apresentou o seu caso como o de uma “caça à bruxas” com motivos étnicos. Teve uma ascensão rápida na política – foi o mais jovem presidente da câmara de Israel com 24 anos e em 2000 venceu a Presidência contra Shimon Peres, um prémio Nobel da paz que acabou por entretanto ocupar este cargo. Nascido no Irão, Katsav era um caso de sucesso entre os normalmente menos favorecidos judeus que imigraram do Médio Oriente e Norte de África. O veredicto representa uma condenação de uma gravidade sem precedentes para um chefe de Estado de Israel. Ainda não é conhecida a pena, mas é certo que Katsav, 63 anos, casado e com cinco filhos, irá passar algum tempo preso, pelo menos quatro anos. O crime de violação acarreta uma pena de até 16 anos de prisão e os castigos pelos crimes menos graves deverão ainda juntar-se a esta pena. O veredicto está a ser descrito como um dia negro para Israel já que expõe uma conduta criminosa do chefe de Estado, que supostamente é a autoridade moral da nação. Mas está também a ser saudado pelo modo como as acusações de crimes sexuais foram levadas a sério num país onde activistas se queixam que estas queixas continuam a ser tratadas com alguma leveza, e elogiado também por mostrar a igualdade da justiça perante uma figura poderosa. Notícia actualizada às 10h15
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime tribunal mulher prisão negro violação igualdade sexual mulheres vergonha assédio