Angola contrariou tendência positiva das exportações portuguesas em 2010
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.227
DATA: 2011-01-03
SUMÁRIO: Angola, Suécia e Argélia. Num ano em que as exportações portuguesas tiveram um comportamento positivo (mais 3,6 mil milhões de euros nos primeiros nove meses), estes foram os únicos três países, com compras a Portugal superiores a cem milhões de euros, onde se registou uma quebra.
TEXTO: No caso angolano, a descida deste mercado de destino foi ainda mais significativa pela sua importância para as vendas nacionais e pela sua dimensão. De Janeiro a Setembro de 2010 (data dos últimos dados oficiais disponíveis), a queda foi de 20, 2 por cento, quedando-se nos 1330 milhões de euros, contra 1666 milhões de idêntico período de 2009, segundo dados do INE. Entre as maiores descidas estão categorias como máquinas e aparelhos mecânicos (menos 177 milhões de euros face a 2009, e inferior, tal como muitos outros produtos, ao valor de 2008), veículos automóveis e acessórios, obras de ferro ou aço ou produtos de plástico. Há excepções à regra, como as bebidas e líquidos alcoólicos, que subiram dois milhões de euros, para os 133 milhões. Importações sobemComo agravante, as importações de produtos angolanos (onde se destaca o petróleo) subiram nos primeiros nove meses de 2010 face ao ano anterior (ano em que houve uma forte quebra no consumo de produtos angolanos por parte de Portugal). Nos primeiros nove meses de 2010, Portugal importou produtos de Angola no valor de 449 milhões de euros, mais 773 por cento do que em idêntico período de 2009, e acima dos 340, 7 milhões de 2008. Mesmo assim, o saldo é positivo. Depois de ter ocupado a quarta posição entre os principais mercados de destino, Angola passou para o quinto lugar, ultrapassada pelo Reino Unido, embora mantenha a primazia entre os chamados "países terceiros", ou seja, fora da União Europeia. Portugal é o principal abastecedor de Angola, cuja capacidade produtiva é ainda muito incipiente, sendo responsável por perto de 20 por cento de todas as compras deste país, seguindo-se a China, com cerca de 15 por cento. A queda abrupta das vendas deveu-se aos impactos da crise internacional em Angola, com reflexo nas vendas e preços do petróleo, produto do qual o país é dependente. A este factor somam-se outros, como a imposição de quotas por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (à qual Angola aderiu em 2007). Com muito menos receitas, o Estado travou a fundo os investimentos públicos, o que provocou uma contracção da economia em 2009, com problemas ao nível de pagamentos, e que teve ainda efeitos visíveis em 2010. Em Outubro, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, veio a público rever a estimativa do PIB para 2010, afirmando que o crescimento seria de 4, 5 por cento, em vez de 6, 7 por cento. A estimativa inicial era de uma subida de 9, 7 por cento. Questionado sobre os resultados do último trimestre do ano, o delegado da AICEP em Angola, Miguel Fontoura, afirma que "os dados já disponíveis apontam para uma recuperação". "Tendo em atenção a recuperação verificada no último trimestre do corrente ano, é de crer que 2011 seja um ano de crescimento sustentado das exportações portuguesas. Esse crescimento tem a ver, naturalmente, com o crescimento da economia angolana, que se espera seja robusta no ano que vem", acrescenta este responsável, mantendo assim uma perspectiva positiva.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave consumo