Confrontos na Antárctida envolvem ecologistas do Sea Shepherd e baleeiros japoneses
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DATA: 2011-01-04
SUMÁRIO: A perigosa dança entre navios baleeiros e ecologistas da organização Sea Shepherd recomeçou nas águas da Antárctida, pela primeira vez nesta época de caça, onde o objectivo nipónico é matar mil baleias.
TEXTO: A 31 de Dezembro, a frota ecologista, com três embarcações, localizou nas águas da Antárctida, 1700 milhas náuticas a Sul da Nova Zelândia, três navios baleeiros japoneses – “Yushin Maru”, “Yushin Maru2” e o “Yushin Maru3” - e lançou-se numa perseguição por entre blocos de gelo. “Enquanto estes arpoeiros japoneses estão a enfrentar-nos não estão a matar baleias”, disse Locky MacLean, canadiano capitão do barco “Gojira”, em comunicado no site da Sea Shepherd. A 1 de Janeiro, os três navios japoneses tentaram bloquear a passagem dos ecologistas, impedindo-os de chegar ao navio-fábrica “Nisshin Maru”, embarcação que se desloca a menor velocidade. Para isso realizaram trajectórias de quase colisão e dispararam fortes jactos de água. Os ecologistas responderam com o arremesso de “substâncias mal cheirosas”. Garantem que não houve feridos. “Conseguimos chegar ao pé deles [dos três baleeiros] antes de conseguirem matar uma baleia sequer. Hoje não vão caçar e o nosso desafio agora é garantir que não o façam nos próximos dias”, comentou Paul Watson, líder da Sea Shepherd. “Isto é fantástico”, disse Laura Dakin, cozinheira no navio “Steve Irwin”, citada pelo jornal “New Zealand Herald”. “Pela primeira vez na história da Sea Shepherd conseguimos localizar os baleeiros antes de mesmo de começarem a matar baleias. ”A época de caça à baleia começou a 2 de Dezembro e deverá terminar em meados de Março. Pela primeira vez, os ecologistas garantem que vão ter os seus barcos a acompanhar toda a época baleeira. “O nosso objectivo é salvar o máximo de baleias e maximizar as perdas financeiras dos baleeiros”, acrescentou. A pesca comercial à baleia está proibida desde 1986 pela Comissão Baleeira Internacional (IWC, sigla em inglês), à qual Portugal aderiu em 2002. Mas, ao abrigo da excepção para fins científicos, o Japão insiste em todos os anos matar várias centenas de animais de várias espécies. Em 2008/2009, as embarcações japonesas mataram 1003 baleias, ou 52 por cento das 1929 caçadas em todo o mundo. O número para a época de caça de 2009/2010, foi de 900 baleias. E todos os anos a Sea Shepherd tenta impedi-lo. No ano passado, um dos barcos da organização, o “Ady Gil”, naufragou depois de uma colisão nas águas da Antárctida. “As intervenções da Sea Shepherd são vistas como perigosas e não deveriam ter lugar”, disse ao PÚBLICO Jorge Palmeirim, biólogo da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e representante de Portugal na IWC. Este responsável salienta que o tipo de acções da organização “não melhora a imagem da conservação das baleias, desautoriza as associações que tentam proteger estes animais e acaba por ter um impacto negativo na opinião pública japonesa, mesmo naquelas pessoas que até são contra a caça à baleia”. Actualmente, a Sea Shepherd está proibida de participar nas reuniões anuais da IWC, ao contrário de outras organizações como a Greenpeace e a WWF. Perante a sua actuação, nas reuniões da IWC, “o Japão apresenta-se como vítima de iniciativas que não podemos defender nem apoiar”, salientou.
REFERÊNCIAS: