Reacções à morte de Malangatana
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-05
SUMÁRIO: O pintor moçambicano Malangatana morreu esta madrugada aos 74 anos, deixando uma vasta obra e uma marca pelo activismo pelas causas sociais e culturais. Amigos e artistas relembram um pintor único.
TEXTO: Pancho Guedes, arquitecto que conheceu Malangatana em Lourenço Marques (actual Maputo), no final dos anos 50: “A morte dele é uma notícia terrível. Eu sabia que ele estava doente, mas ele, que era um grande optimista, dizia sempre que estava tudo bem, que era um problema passageiro. ” “Malangatana fazia uma pintura muito própria e muito viva, sem nenhuma influência exterior, e com uma grande atenção pela África. Foi isso que o tornou um artista que depressa conquistou um grande reconhecimento internacional. Nós – eu e os pintores Augusto Cabral e Zé Júlio –, que então vivíamos em Lourenço Marques e acompanhámos o início da sua carreira – ele era empregado de mesa no Grémio Civil, o clube da elite branca –, gostávamos realmente da pintura que ele fazia, e comprávamos as suas obras. Ele pintava coisas muito envolvidas com a vida tradicional da sua terra, e tinha uma imaginação excepcional; misturava as raízes africanas com a acção dos missionários, tanto católicos como protestantes. Tinha uma capacidade nata para pintar e para tudo o que dizia respeito à arte. ” José Rodrigues, escultor nascido em Luanda: “Era um homem muito alegre, de uma alegria muito africana – às vezes, no meio de uma conferência, começava a cantar. . . Era um africano, mas ao mesmo tempo um artista universal. A sua obra está muito ligada ao fetiche, aos ritmos e à tradição da sua terra, mas que ela tentava modernizar. Nos seus quadros há sempre muitos olhos, sempre muito abertos para o mundo. ”Cavaco Silva, Presidente da República: "Em meu nome pessoal e no da minha mulher, quero apresentar sentidas condolências à família do pintor Malangatana, um dos mais expressivos símbolos da união entre a arte moçambicana e portuguesa. Pelo seu percurso enquanto pintor e artista de exceção, mas também pelo seu papel cívico na luta pela democracia e pela melhoria das condições de vida do povo moçambicano, Malangatana é justo merecedor da nossa mais profunda estima e consideração”. “Neste momento de luto, é com sentido pesar que presto a minha homenagem a Malangatana, uma figura marcante do encontro de culturas secular entre Portugal e África, que ficará na memória e no coração de todos os que acompanharam o percurso deste amigo de Portugal e dos Portugueses”.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano