Irmãs que trocaram um transplante de rim pela liberdade já saíram da prisão
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-08
SUMÁRIO: As irmãs norte-americanas Jamie e Gladys Scott foram libertadas de uma prisão no Mississípi. Tinham sido condenadas a prisão perpétua.
TEXTO: Nos Estados Unidos são conhecidas como as “irmãs rim” e o seu polémico caso apaixonou a América. Gladys concordou doar o rim a Jamie em troca da liberdade. Esta sexta-feira saíram as duas da prisão, a acenar aos apoiantes e a gritar “obrigado, obrigado”. A história da sua detenção começou há 16 anos, quando as duas realizaram um assalto à mão armada. Roubaram apenas oito dólares (cerca de 11 euros), mas o juiz determinou que o seu crime merecia que passassem o resto da vida na prisão. Até que, na semana passada, razões monetárias valeram-lhes a liberdade. Há anos que Jamie era submetida a tratamentos de diálise devido a uma insuficiência renal, e os tratamentos custavam ao Estado cerca de 200 mil dólares anuais. Uma “carga muito pesada”, considerou o governador do estado norte-americano do Mississípi, o republicano Haley Barbour. Foi-lhes então feita uma proposta que gerou polémica. Gladys, de 36 anos, daria um rim a Jamie, de 38, as duas sairiam em liberdade e, claro, o Estado pouparia o dinheiro gasto nos tratamentos. O transplante ainda não tem data marcada, mas o acordo foi feito e esta sexta-feira as “irmãs rim” saíram da prisão. Barbour sublinhou que os responsáveis da prisão já não pensam que Jamie e Gladys representem uma ameaça para a sociedade, e estes não são os únicos a acreditar nisso. Nenhuma das irmãs tinha antecedentes criminais na altura do crime e há muito que centenas de activistas ligados à comunidade afro-americana pediam a libertação – alguns desde que foi decretada a sentença, em 1993. Esta sexta-feira muitos deles juntaram-se em frente ao estabelecimento prisional para as ver sair. Ali estava também a mãe das duas irmãs e os seus filhos, adiantou o “El País”. Elas entraram num carro e saíram da prisão a acenar. Apesar de muitos terem festejado a libertação, não faltou quem criticasse o acordo que a possibilitou. Michael Shapiro, chefe da unidade de transplantes de órgãos do centro médico universitário de Hackensack, em Nova Jérsia, falou em “falta de ética” e numa decisão “provavelmente ilegal”. As duas irmãs deverão agora ir viver para o estado da Florida, juntamente com a família. O transplante não tem data marcada, mas o acordo estabelecido refere que deverá ser feito este ano. À saída da prisão, o seu advogado, Chokwe Lumumba, contou à BBC que a primeira coisa que as irmãs fariam em liberdade seria comer uma boa refeição. E depois brincou: “E sabem como são as mulheres – também querem comprar algumas roupas”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime prisão comunidade mulheres assalto ilegal