O estado não perdoará Billy The Kid
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 6 Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-13
SUMÁRIO: Ladrão de gado e assassino de xerifes, Billy The Kid está imortalizado em tons heróicos no cinema, na música ou em BD. 118 anos depois da sua morte, o governador do Novo México reabriu o processo e a 31 de Dezembro último soube-se que o estado não perdoou um dos mais duradouros mitos do Velho Oeste.
TEXTO: Na noite de 14 de Julho de 1881, no Novo México, um homem de 21 anos caiu no escuro de um quarto. Pat Garrett, o xerife que disparara dois tiros quando um vulto surgiu na penumbra, saiu do quarto e esperou, ansioso. E se o homem que matara não fosse aquele que perseguia? E se o homem que matara não fosse Billy The Kid, fugitivo com várias mortes no currículo, incluindo a de um xerife, William Brady? Pat Garrett ganhou coragem. Confirmou. Era ele. Começava a lenda em volta daquela personagem ambígua: para uns, criminoso cruel, para outros, herói trágico injustiçado. Em Agosto de 2010, aquele que foi durante oito anos governador do Novo México, Bill Richardson - abandonou o cargo a 1 de Janeiro, depois de cumprir os dois mandatos permitidos pela Constituição americana -, anunciou o último acto da sua governação. Decidiria sobre o indulto de Billy The Kid, uma das maiores atracções turísticas do Novo México, 118 anos depois da sua morte. Richardson recuperou o caso enquanto acto de justiça. Em 1878, Henry McCarty (nome de nascença), ou melhor, William H. Bonney (nome adoptado aos 18 anos), ou, simplificando, Billy The Kid, escreveu a Lew Wallace, recém-empossado governador do Novo México (e autor, em 1880, do épico Ben Hur), prometendo entregar-se e testemunhar no julgamento de outros crimes no território em troca de amnistia. O governador aceitou o acordo, o pistoleiro entregou-se. Mas, depois do testemunho, manteve-se preso. Wallace cometeu a desonra de faltar à palavra. Até dia 31, esgrimiram-se argumentos (maioriariamente contra o indulto). Os descendentes de Pat Garrett, William Brady e Lew Wallace acusaram o governador de revisionismo histórico. Um historiador amador, Bob Ross, falando ao New York Times, concordou com eles: "Neste momento, é um gesto vazio. O propósito do perdão seria salvar-lhe a vida. É demasiado tarde. Ao perdoá-lo, o que se está a dizer? Que não matou o xerife Brady? Os factos mostram que o fez e que era um ladrão profissional de cavalos e gado. "Dia 31, foi feito o anúncio. Não houve perdão para Billy The Kid, um homem cuja vida foi passada "a saquear, a devastar e a matar os merecedores e os inocentes de igual forma", declarou o governador. "Se alguém vai reescrever um capítulo tão importante quanto este", justificou, citado pelo New York Times, "será conveniente ter a certeza dos factos, das circunstâncias e motivações dos envolvidos". Oficialmente, assunto encerrado. Tudo não passara de devaneio de um homem do poder fascinado com um mito. Mas, quanto a Billy The Kid, é impossível ser absolutamente objectivo. O assassino implacável era também, concordam os relatos da época, um homem sociável e bon vivant, de discurso e escrita fluente, justo para com os seus, sedutor e bom dançarino. Era especialmente popular junto da população mexicana: incitava-a a rebelar-se contra as humilhações e injustiças exercidas pelos grandes proprietários. A Guerra de Lincoln CountyHenry McCarty nasceu em Nova Iorque a 23 de Novembro de 1859, filho de Catherine McCarty, uma imigrante irlandesa, e de pai incerto. Aos 14 anos, acabado de chegar a Silver City, vê a mãe morrer de tuberculose. Com 1m75, magro, de olhos azuis e com incisivos salientes, era um órfão de vida desgraçada, mas de inocência não corrompida. Os anos seguintes transformariam essa imagem. É preso pela primeira vez aos 15 anos, por roubar queijo. É preso pela segunda vez meses depois - desta vez, roupa e armas de uma lavandaria chinesa. Escapa da cela por uma chaminé, torna-se um fugitivo, um fora-da-lei, e faz precisamente aquilo a que, dizem-nos os westerns, se dedicam os fora-da-lei. Jogo e roubo de gado, com mortes pelo meio. A primeira do seu currículo surge em 1877: um ferreiro irlandês com quem mantinha uma relação turbulenta - "Autodefesa", argumenta; "criminoso", escreve-se no relatório policial. Foge novamente.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte guerra lei filho homem imigrante