José Manuel Coelho, o anti-Jardim da direita
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.285
DATA: 2011-01-14
SUMÁRIO: Inscrito no PCP, é deputado regional pelo PND e candidato à presidência por convicção. Continua a declarar-se comunista, apesar de representar um partido de direita. Ardina do Garajau, o jornal satírico de que é director, se for eleito Presidente continuará a ter um terço do vencimento penhorado para pagar indemnizações a que foi condenado.
TEXTO: José Manuel Coelho é, depois de Alberto João Jardim, o político madeirense mais conhecido dentro e fora da ilha nos últimos tempos. Têm por denominador comum a frontalidade e o populismo. Figuras do circo mediático da política regional, são as duas faces da mesma medalha, o jardinismo. De um lado Jardim, do outro, o anti-Jardim. Não é por acaso que Coelho faz parte, com Jardim, dos cinco nomeados para a eleição de "Os Mais de 2010", por votação dos leitores do Diário de Notícias do Funchal, nas categorias de "Político" e de "Cromo do ano". Neste caso, a distinção recai sobre "aquele que nos fez rir ou chorar, que não nos sai da cabeça ou nos faz perder a cabeça". Numa recente sondagem feita pelo semanário Tribuna da Madeira, publicada a 18 de Dezembro, Coelho, 58 anos, destacou-se como a figura pública que "teria mais hipóteses de derrotar Alberto João Jardim nas eleições regionais de 2011", com 28 por cento dos votos. À frente de um dos principais candidatos do Partido Social Democrata (PSD) à sucessão, o presidente da Câmara do Funchal, Miguel Albuquerque (17 por cento), dos líderes do maior partido da oposição, o Partido Socialista (PS), Jacinto Serrão (nove por cento), e do Partido Popular (CDS/PP) regional, José Manuel Rodrigues (oito por cento). Coelho desvaloriza os resultados destes inquéritos online. "Não têm base científica, não são para levar a sério", diz ao P2. "Resultam do apoio da malta jovem que lida bem com os computadores e está descontente com a classe política. " Para esses descontentes, como observa o empresário Miguel Freitas, "votar Coelho é mostrar um cartão vermelho" aos outros candidatos e partidos apoiantes. Isso pode explicar, em parte, a surpreendente adesão não só de jovens, mas de desempregados e idosos que subscreveram a propositura de Coelho a candidato à presidência. E também o facto de a sua entrevista à RTP ter ultrapassado, no número médio de telespectadores (889 mil), Cavaco Silva (869 mil), ficando em segundo depois de Fernando Nobre (908 mil). O madeirense foi aquele que, de entre todos os entrevistados, conseguiu a melhor fatia dos espectadores que nesse momento viam televisão (23, 3 por cento). Coelho está consciente de que o seu atrevimento, irreverência e humor não o vão levar a trocar a modesta casa em Gaula pelo Palácio de Belém. Aliás, não é esse o seu objectivo, nem dos impulsionadores da sua candidatura que, admitem, funciona como preparação para as eleições regionais previstas para Outubro próximo, o que provoca apreensão nos directórios dos outros partidos, a começar pelo que está no poder. "[O PSD-Madeira] está assustado com o avolumar da adesão popular à minha candidatura e à nossa luta", diz Coelho. O candidato apoiado pelo Partido Nova Democracia (PND), de que é deputado único à Assembleia da Madeira, explica que este partido constitui "uma "barriga de aluguer" para receber democratas de vários partidos descontentes com o cenário político regional, com a própria inoperância dos partidos da oposição e que se juntaram num grupo heterogéneo com um único objectivo: combater o jardinismo e instaurar um regime democrático na Madeira, o 25 de Abril que nunca chegou". Baltazar Aguiar, líder do PND e cunhado do seu fundador, Manuel Monteiro(que já não está no partido), explica a estratégia: "Os partidos são palcos institucionais montados, [cujas] estruturas possibilitam a entrada de pessoas. " A ideia de aproveitar esta sigla partiu de Aguiar, do também advogado António Fontes, do ecologista Gil Canha e de Eduardo Welsh, membro de uma das mais abastadas famílias inglesas radicadas na ilha, constituindo-se como os "quatro cavaleiros do apocalipse" madeirense. "Somos todos de direita e centro-direita, por isso procurámos alguém de esquerda que viesse equilibrar as coisas", diz Aguiar.
REFERÊNCIAS: