As vidas invisíveis das empregadas internas
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-14
SUMÁRIO: Tratam de casas que não são as suas, criam filhos que não são seus, partilham alegrias e tristezas dos patrões. E são, tantas vezes, o óleo que mantém a máquina familiar a funcionar. Durante muitos anos, as empregadas internas representaram uma espécie de prolongamento silencioso da era feudal. Mas os tempos mudaram.
TEXTO: Luís Francisco foi ouvir as memórias de algumas “criadas de servir”, como as que conhecemos dos filmes, dos livros, das séries de televisão (“A Família Bellamy”, lembram-se?) e, entre elas, estão Henriqueta da Conceição, 87 anos, e Francisca Fernanda, de 86 anos, que hoje gozam a reforma num palacete que foi dos “senhores” tendo a seu lado uma pessoa dedicada que as ajuda. Nenhuma delas se casou, não tiveram filhos. Viveram a sua existência ao ritmo da vida dos patrões, numa teia de relações e cumplicidades que, vista de fora, até pode parecer sufocante. Mas que é, também, segura e tranquilizadora. É claro que nem todas as histórias tiveram o desfecho feliz e pacato que enforma os dias de Henriqueta e Francisca numa casa agora por sua conta. Abusos, injustiças, prepotência, exploração. Na versão antiga da relação patrões-empregadas internas, os primeiros faziam o papel de Deus, as segundas sujeitavam-se a tudo, muitas vezes sem terem qualquer alternativa de vida. As mudanças sociais no país alteraram claramente este cenário no último meio século. Continuam a existir famílias com empregadas internas, às vezes mais do que uma, no figurino tradicional, mas a verdade é que, com a generalização do trabalho feminino e as exigências da vida moderna, torna-se muito complicado conciliar os horários laborais com os da escola dos filhos, por um lado, e com os da empregada, por outro. A solução é ter alguém em casa que assegura as tarefas que as mães, tradicionalmente, desempenhavam. Este novo patronato é de classe média. E não foi só por aí que o cenário mudou: em vez das raparigas chegadas da província, agora são as mulheres imigrantes que formam o núcleo desta força de trabalho. Leia mais na Pública do próximo domingo, onde tem ainda: - O retrato da família Le Pen, traçado por Jorge Almeida Fernandes, para entender o congresso da Frente Nacional francesa (FN) em que, Marine, a filha de Jean-Marie, sucede ao pai, com a ambição de, nas presidenciais de 2012, retirar Nicolas Sarkozy do Palácio do Eliseu. - Entrevista de Anabela Mota Ribeiro com João Pereira Coutinho, professor universitário, colunista da “Folha de S. Paulo” e do “Correio da Manhã” - para uns, uma figura embirrenta; para outros, uma personalidade brilhante. - A história de Garda, a artista que, numa passagem relâmpago por Lisboa, em 1957, para cantar numa festa dos Espírito Santo gravou uma série de canções que se tornariam no primeiro vinil em Angola. Mais de 50 anos depois, ela voltou ao estúdio da Valentim de Carvalho para lançar um CD, e Catarina Gomes conta a sua história.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha escola ajuda mulheres