Marine Le Pen é a nova líder da extrema-direita francesa
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.074
DATA: 2011-01-15
SUMÁRIO: Em 2012, Nicolas Sarkozy pode ter de enfrentar um Le Pen nas eleições presidenciais. Mas não será o velho tribuno da extrema-direita francesa e sim a sua filha Marine Le Pen,
TEXTO: Um estudo de opinião publicado pela revista Marianne revela que ela pode ter 18 por cento dos votos. O primeiro passo para isso será dado este fim-de-semana se, como tudo indica, Marine for designada a nova líder da Frente Nacional (FN), no congresso de Tours. O seu nome só será anunciado no domingo, mas já hoje, fontes do partido disseram à BBC que a escolha já está feita. Marine Le Pen, uma soixante-huitarde, como gosta de se intitular (porque nasceu em 1968), traz uma nova estratégia: a da "desdiabolização" do partido de extrema-direita, introduzindo novas temáticas. Entre elas a defesa da laicidade e a luta contra a "islamização" de França, em vez da simples luta contra a imigração, ou a defesa de liberdades inéditas num partido que tem sido sobretudo masculino: direitos das mulheres, contracepção e uniões de facto. "O que muda com ela são as posturas ideológicas: sobre a Segunda Guerra Mundial, a herança pétainista, o passado colonial de França. É uma ruptura geracional", disse ao jornal Libération Sylvain Crépon, investigador do Laboratório Sophiapol na Universidade Paris-Ouest-Nanterre. "Sobre o islão, ela está mais em linha com um Geert Wilders, da Holanda, do que com a velha guarda xenófoba e colonialista da FN. "Islão ao contrárioDurante a campanha para as eleições internas, frente a Bruno Gollnish, o outro vice-presidente, que durante muito tempo foi considerado o delfim de Jean-Marie, Marine gerou indignação ao comparar as orações dos muçulmanos nas ruas com a ocupação de França pela Alemanha nazi. "É uma ocupação de bairros em que se aplica a lei religiosa. Não há blindados, não há soldados, mas é uma ocupação e pesa sobre os habitantes", disse. Em consequência destas palavras, Marine Le Pen está a ser alvo de um pré-inquérito policial, para determinar se há motivos para proceder judicialmente por incitamento ao ódio. Mas o estudo de opinião feito para a Marianne revela que 24 por cento dos franceses, independentemente da sua cor política, concordam com as posições dela sobre o islão. E 30 por cento apoiam a sua oposição à tolerância da imigração. O barómetro TNS Soufres, publicado pelo jornal Le Monde, apontava como temas comuns da FN e da UMP, o partido da direita no poder, do Presidente Sarkozy, a defesa dos valores tradicionais e a insuficiente severidade da justiça face à pequena delinquência. E esse é um dos temas-bandeira de Marine Le Pen - e de que Sarkozy se apropriou, o que lhe permitiu ganhar as eleições de 2007. O resultado é que 46 por cento dos franceses concordam com as posições radicais da herdeira Le Pen sobre a segurança, segundo a sondagem de Marianne. Logo a seguir, como possíveis unificadores da direita, vêm os temas como "há demasiados imigrantes em França" ou "o islão e os muçulmanos têm direitos a mais". 21 de Abril ao contrárioEsta combinação de interesses e preocupações produz um caldo que satisfaz as ambições da benjamim da família Le Pen, que nunca escondeu que a disputa da liderança da FN constituía uma espécie de primária para designar o candidato do partido às presidenciais de 2012. "Em causa está igualmente pronunciar-se sobre o projecto político que trago", disse ela. As suas possibilidades como candidata presidencial, pelo que mostram as sondagens, não são más. Segundo o estudo da Marianne, oscilam entre 18 por cento (se o candidato socialista for Dominique Strauss-Kahn) e 17 por cento (se o socialista a ir às urnas for Martine Aubry), com um potencial de crescimento até 20 por cento. São previsões mais elevadas do que os valores obtidos pelo seu pai a 21 de Abril de 2002 (16, 86 por cento), quando conseguiu passar à segunda volta das eleições presidenciais, juntamente com Jacques Chirac, e eliminado o candidato socialista, Lionel Jospin.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos guerra lei imigração estudo espécie mulheres