Jean-Marie Le Pen passa testemunho da extrema-direita francesa à filha Marine
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DATA: 2011-01-16
SUMÁRIO: Sucessão dinástica na Frente Nacional. Nova líder derrotou rival e deve ser a candidata do partido às presidenciais francesas do próximo ano
TEXTO: Marine Le Pen, filha do velho líder da extrema-direita francesa, vai suceder-lhe na direcção da Frente Nacional (FN). A candidata bateu Bruno Gollnisch no escrutínio interno para escolher o novo chefe, com 67, 65 por cento dos votos, contra 32, 35 por cento. . A votação foi realizada na sexta-feira mas só hoje foram divulgados formalmente os resultados, no congresso da FN que este fim-de-semana decorre em Tours. Já ontem era dado como certo que a deputada europeia e vice-presidente do partido tinha recolhido dois terços dos votos contra um terço de Gollnisch, 60 anos, também vice e durante muito tempo considerado delfim de Jean-Marie Le Pen. A nova presidente recebeu o apoio do pai, líder da formação de extrema-direita desde a sua criação, em 1972. Foi a primeira vez que os militantes da FN, 23 mil a 24 mil, segundo a própria organização, foram chamados a escolher a liderança, numa votação realizada num lugar não revelado da região de Paris. Le Pen-pai foi sempre escolhido por "aclamação". As primeiras participações de Marine Le Pen em grandes iniciativas políticas públicas datam de 2002, quando o pai obteve o seu melhor resultado em eleições presidenciais e chegou à segunda volta com Jacques Chirac, recordou ontem a AFP. Nos últimos meses, a agora líder impôs-se na cena política, batendo recordes de audiência televisiva com uma capacidade oratória que faz lembrar Jean-Marie. O que se mantém, notou também a agência, é a argumentação que tem dado dividendos políticos à FN - rejeição da imigração, defesa da reintrodução da pena de morte, críticas à "casta política e aos "eurocratas" de Bruxelas. O facto de uma mulher "encarnar a extrema-direita" foi considerado pelo historiador Michel Winock, professor da Universidade Science Po e especialista nesta área política em França, algo anteriormente "inconcebível". "Para uma família política que sempre exaltou a virilidade e praticou o culto do chefe, é uma revolução", disse ao Monde. A primeira reacção à escolha surgiu da associação SOS Racisme, segundo a qual a mudança de líder na extrema-direita nada mudará no partido, que vai continuar a ser "portador de um discurso de ódio". Marine Le Pen deverá concorrer pela FN à Presidência da França em 2012, também nisso sucedendo ao pai, cinco vezes candidato à chefia do Estado. A mais recente sondagem, um estudo CSA divulgado anteontem, atribui-lhe 18 por cento das intenções de voto.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte filha imigração mulher estudo