Papa falou de "enfraquecimento moral" e todos pensaram em Berlusconi
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-22
SUMÁRIO: E ao fim de uma semana de revelações bombásticas sobre as festas do primeiro-ministro italiano que acabam em orgias com prostituição, o Papa fez alertou para um “enfraquecimento dos princípios éticos e das atitudes morais”. Todos os italianos encararam o discurso como uma referência a Silvio Berlusconi.
TEXTO: Não houve nenhuma referência directa, mas o discurso de Bento XVI reforça o tom crítico do cardeal Tarcísio Bertone, que dizia na quinta-feira que “a Santa Sé segue o caso com atenção e com particular preocupação”. Berlusconi procurava desdramatizar as palavras de Bertone: “Recebi garantias do Vaticano, asseguraram-me que se tratava de um discurso em geral e que não se referia a mim”. Quem tem surgido a defender Berlusconi é o seu parceiro de Governo, Umberto Bossi, o líder do partido federalista Liga Norte. “É melhor ir descansar para qualquer lado, ficamos nós cá a pensar no que fazer”, disse. O que está a fazer a defesa legal de Berlusconi é a contestar a própria legitimidade dos juízes de Milão que o estão a investigar — o que não é uma estratégia nova. Os advogados Niccolò Ghedini e Piero Longo divulgaram ontem uma nota em que dizem que o primeiro-ministro não irá depor nas datas em que tinha sido convidado a fazê-lo pela procuradoria milanesa. Além disso, consideram que esta procuradoria não é competente para investigar o caso. Só um tribunal especial, o Tribunal de Ministros, terá essa competência. Berlusconi “continua a não ter respeito pela magistratura”, comentou o deputado Pippo Scalia, do partido do ex-aliado Gianfranco Fini. “Jamais se demitirá, porque escolheu fazer política por motivos judiciais”, disse o antigo juiz milanês Antonio Di Pietro, hoje líder do partido Itália dos Valores. O Partido Democrático, por seu lado, vai promover uma recolha de assinaturas, nos próximos dias, para pedir a demissão de Berlusconi. O objectivo é obter dez milhões de assinaturas. O combate político pode no entanto tornar-se mais complicado para o lado de Berlusconi se a condição colocada por Bossi para manter o seu apoio — avanço da reforma federalista, mediante uma nova forma de fiscalidade municipal — se afundar. O projecto, tal como está, tem a oposição cerrada da associação de municípios, e o Conselho de Ministros decidiu atrasar por uma semana a apreciação sobre o decreto em preparação, que estava marcada para 28 de Janeiro. “Se não passar o federalismo, vamos a eleições [antecipadas]”, garantiu Umberto Bossi. “Avanti la prossima”Mas, enquanto os políticos se confrontam, o caso continua a ser a notícia do dia. As atenções concentraram-se sobre a acompanhante de luxo Nadia Macrì, ouvida durante cinco horas pelos procuradores de Milão. Ela não é uma personagem nova — já tinha surgido há meses a dizer à procuradoria de Palermo que tinha tido relações sexuais com o primeiro-ministro duas vezes, sempre a troco de cinco mil euros. Esta semana, Macrì falou com vários jornais e televisões, contando a sua história — e dizendo que viu também a marroquina Karima el Karima El Mahroug (Ruby Rubbacuore), a receber envelopes com cinco mil euros. Só que Ruby era menor (tinha 17 anos) quando recebeu este dinheiro e participou nestas festas, onde as mulheres andavam meias nuas e, segundo o relato feito pelo jornal "Corriere della Sera", entravam à vez numa sala onde estava Berlusconi. “Avanti la prossima”, dizia, no relato de Macrì. “A cada cinco minutos abríamos a porta e consumávamos o acto sexual” — com o primeiro-ministro de 74 anos. Um dos locais onde Macrì contou a sua história foi o programa de televisão Annozero, que obteve uma média de 6, 5 milhões de telespectadores e um "share" de 24, 63 por cento.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave tribunal sexual mulheres