Líderes palestinianos negam revelações de grandes concessões a Israel
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.062
DATA: 2011-01-24
SUMÁRIO: Concessões sobre Jerusalém, direito de regresso dos refugiados, informações sobre operações militares israelitas contra o Hamas... Os líderes da Autoridade Palestiniana negam as revelações de documentos pela estação Al-Jazira e pelo diário britânico "Guardian", afirmando que mostram a sua crescente fraqueza e desespero por um acordo.
TEXTO: “O que se quis foi misturar as coisas”, afirmou hoje o líder palestiniano Mahmoud Abbas. “Ontem apresentaram as propostas como palestinianas, mas era na verdade israelitas”, acusou, falando das propostas alegadamente feitas pelos seus negociadores oferecendo a Israel a maior parte dos colonatos de Jerusalém-Leste num acordo final, controlo conjunto dos locais sagrados de Jerusalém, aceitação de limites ao direito ao regresso de refugiados – tudo anteriores “linhas vermelhas”. As ofertas terão sido recusadas pela então ministra dos Negócios Estrangeiros de Israel, Tzipi Livi, que as considerou “desadequadas” porque não permitiam que Israel mantivesse os grandes colonatos da Cisjordânia como Ma’aleh Adumin ou Ariel. Os EUA apoiaram a posição de Israel, diz o "Guardian". Os negociadores palestinianos citados nos documentos, Saeb Erekat e Ahmed Qorei, já consideraram as afirmações dos documentos “mentiras” (Erekat) ou disseram que estas foram manipuladas “como parte do incitamento contra a Autoridade Palestiniana e a liderança palestiniana” (Quorei). O diário "Guardian" e a estação de televisão Al-Jazira fizeram as revelações com base em documentos que abrangem o período de 1999 a 2010, e prometem divulgar mais pormenores nos próximos dias. O "Guardian" afirma que verificou independente a autenticidade dos documentos e que esta foi ainda corroborada por antigos participantes nas conversações e fontes dos serviços de informação e diplomatas, e ainda cruzada com informação contida nos telegramas revelados pela WikiLeaks. "A maior Yerushalayim da História judaica"As ofertas palestinianas relatadas nos documentos seriam extraordinárias: permitir que Israel mantivesse todos os colonatos judaicos de Jerusalém Oriental à excepção de um – “estamos a oferecer-vos a maior Yerushalayim da história judaica”, terá dito Qorei em 2008, usado a palavra hebraica para Jerusalém –, deixar ao cuidado de uma comissão conjunta os locais sagrados do Monte do Tempo, como é designado pelos judeus, ou Nobre Santuário como é conhecido pelos muçulmanos (que inclui a mesquita de Al-Qasa e a Cúpula do Rochedo) na Cidade Velha; e aceitar um limite do número de retorno de refugiados que saíram de Israel após a criação do Estado para 100 mil durante dez anos. A magnitude das concessões levou até Erekat a questionar, argumentando pela sua veracidade: “Se tivéssemos feito estas concessões, porque é que Israel não assinou um acordo de paz?”Segundo o "Guardian", os documentos mostram o desespero dos líderes palestinianos por um acordo, a confiança dos negociadores israelitas, que queriam mais concessões, e o apoio dos EUA às pretensões israelitas. O porta-voz do Governo israelita, Mark Regev não confirmou nem desmentiu a autenticidade dos documentos, que mostram o registo palestiniano das conversações, dizendo apenas que Olmert “fez também ofertas que foram recusadas”. Os documentos, diz o "Guardian", têm ainda mais revelações embaraçosas para a Autoridade Palestiniana, cujos líderes tiveram informação sobre a guerra em Gaza de 2008-2009, e mostram a próxima colaboração entre as forças de segurança israelitas e a Autoridade Palestiniana, colaboração várias vezes referida pelo seu inimigo comum, o Hamas, mas sempre negada. "Nunca vamos conseguir nada através de negociaçõesO Hamas reagiu dizendo que os documentos “revelaram a face negra da Autoridade” e o “nível do seu envolvimento para liquidar a causa palestiniana, particularmente na questão de Jerusalém e dos refugiados, e o seu envolvimento contra a resistência na Cisjordânia e na Faixa de Gaza”.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA