Tunísia: “O povo veio derrubar o governo”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 3 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-24
SUMÁRIO: Leila não larga a mão do filho, enquanto anda de um lado para o outro no centro de Tunes. Foi uma das poucas mulheres a juntar-se à “marcha do campo”, entretanto baptizada “caravana da liberdade”. Veio com centenas de homens e rapazes de várias cidades para “derrubar o governo” interino que tomou posse depois da fuga do Presidente Ben Ali.
TEXTO: A jovem mãe nunca tinha estado na Avenida Habib Bourguiba da capital. Afasta-se da concentração e espreita ao longe as lojas até descobrir a montra da Livraria Al-Kitab e parar por momentos. O dono expôs as obras que a ditadura proibia: livros sobre o islão, a Al-Qaeda no Magrebe, um relatório dos Repórteres Sem Fronteiras. Os olhos de Leila detêm-se num livro com outra Leila na capa: “La Régente de Carthage”, sobre a ex-primeira-dama. “Nunca tinha visto”, diz. A “marcha da liberdade” partiu de Menzel Bouzaiane, 280 quilómetros a sul de Tunes, onde morreram as primeiras vítimas da repressão aos protestos. Passou em Sidi Bouzid, cidade de Mohamed Bouazizi, cuja imolação pelo fogo, a 17 de Dezembro, desencadeou manifestações por toda a Tunísia, e por Ragueb, outra cidade do centro rural. Os “do campo” chegaram cedo à capital, em carrinhas, camiões e motas. Primeiro, concentram-se diante do Ministério do Interior, onde deixaram um retrato de Bouazizi. Depois, marcharam pelas avenidas. A meio da manhã misturavam-se já com outras manifestações: homens do lixo, estudantes, polícias como na véspera. Todos têm as suas próprias queixas. “O povo veio derrubar o governo”, “fora”, “basta”, gritaram. O governo interino anunciou para amanhã o começo faseado da reabertura das escolas. Mas os professores primários anunciaram uma greve até que seja formado outro executivo, sem membros do partido do ex-Presidente.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens campo concentração