Manifestantes não arredam pé da Praça Tahrir
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-02-09
SUMÁRIO: Hoje, quando se assinala o 16.º dia de protestos consecutivos no Egipto, os manifestantes não arredam pé da Praça Tahrir, o epicentro dos protestos. Ontem foi dia de uma gigantesca concentração de pessoas que exigem a demissão imediata do Presidente Hosni Mubarak.
TEXTO: A Al Jazeera descreve a Praça como um gigantesco acampamento. Porém, Mubarak, há 29 anos no poder, continua a repetir o mesmo: só se afasta em Setembro, no final do seu mandato. “Os manifestantes estão mais motivados e mais determinados a cada dia que passa”, indicou o activista Ahmad Salah à Al Jazeera. “O movimento está a crescer”, avaliou. A Al Jazeera refere igualmente que se tem assistido nos últimos dias ao regresso de muitos emigrantes ao Egipto, a fim de poderem participar nas mega manifestações contra o regime. O grande catalisador da enorme manifestação ocorrida ontem no Cairo – numa altura em que o Governo egípcio tenta convencer a oposição a desmobilizar – foi Wael Ghonim, o executivo da Google e criador de uma das páginas onde a revolta foi organizada, libertado na véspera após 12 dias preso. Os sindicatos marcaram igualmente para hoje greves e paralisações um pouco por todo o país, reclamando melhores salários e melhores condições de trabalho. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse ontem ser necessário um diálogo genuíno para se pôr fim à actual crise e para se conseguir chegar a uma transição pacífica. “O povo egípcio está visivelmente frustrado e pede reformas corajosas. Faz parte das responsabilidades da liderança egípcia escutar atentamente as preocupações legítimas e as aspirações do seu povo”, disse. O vice-Presidente Joe Biden, em conversa telefónica com o seu homólogo egípcio, Omar Suleiman, durante o dia de ontem, pediu mais diálogo entre o regime e a oposição. Biden chegou mesmo a sugerir algumas medidas práticas, como a abolição das medidas de emergência que vigoram no país, que dão poderes acrescidos ao Exército. Biden sugeriu ainda que se pusesse cobro às detenções de jornalistas e activistas. Também ontem cedo, o porta-voz do próprio Presidente dos EUA Barack Obama, Robert Gibbs, disse que os comentários feitos por Omar Suleiman acerca de o Egipto ainda não estar preparado para a democracia eram “particularmente inúteis”, sublinhando que os EUA não concordam com uma calendarização para a democracia. Suleiman alerta para os perigos de um “golpe de Estado”Omar Suleiman avisou ontem que o governo não irá aguentar protestos continuados e apelou ao fim da crise o mais depressa possível. Num alerta particularmente acutilante, Suleiman sublinhou que não haverá “fim do regime” nem uma saída imediata de Mubarak, reportou a agência oficial Mena, depois de um encontro do vice-Presidente com os directores dos principais jornais independentes. Suleiman terá dito na reunião que o regime quer dialogar e que não quer lidar com a sociedade egípcia com “instrumentos de polícia”. Suleiman alertou ainda para os perigos de se assistir, no país, a um golpe de Estado. “Isso significaria medidas rápidas e arriscadas, incluindo uma série de irracionalidades. Nós não queremos chegar a esse ponto; queremos proteger o Egipto”. Instado pelos directores dos jornais para melhor explicar o seu raciocínio, Suleiman indicou que não se estava a referir a um golpe de Estado feito pelo Exército mas antes feito por uma “força sem preparação para a liderança”, indicou à Al Jazeera o director do diário Shorouk, que esteve presente no encontro. Suleiman adiantou ainda que a campanha dos manifestantes apelando à desobediência civil são “muito perigosas para a sociedade” e que o regime “não irá tolerar isso de forma nenhuma”. Foi igualmente ontem anunciado uma série de reformas constitucionais e legislativas que irão ser levadas a cabo por comités específicos que estão ainda por criar. Notícia em actualização
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA