China aperta vigilância à entrada de investimento estrangeiro na economia
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 5 | Sentimento -0.12
DATA: 2011-02-13
SUMÁRIO: É a resposta de Pequim aos entraves à penetração de empresas chinesas no Ocidente. Uma nova entidade vai avaliar a entrada de capitais estrangeiros.
TEXTO: Aproveitar a expansão da economia chinesa e o crescimento de um dos maiores mercados do mundo deverá passar a ser ainda mais difícil para as empresas internacionais. A China anunciou ontem que irá criar uma nova entidade com o objectivo de avaliar de forma sistemática as aquisições de empresas nacionais por parte de capitais estrangeiros. Uma equipa, formada por membros de diversas áreas do Governo, irá verificar se os potenciais investimentos directos estrangeiros a realizar no país não colocam em risco a "segurança nacional". Os investimentos na indústria militar, agricultura, energia e outros recursos, infra-estruturas chave, sistemas de transporte e tecnologias serão os principais visados pela reforçada avaliação que passará a ser feita. De acordo com o comunicado ontem divulgado pela autoridades, "os diversos departamentos deverão elevar o sentido de responsabilidade para guardar segredos comerciais e de Estado, para salvaguardar efectivamente a segurança nacional". Com esta entidade, a China dá um sinal claro aos países que já bloquearam a entrada de empresas chinesas nos seus mercados alegando questões de segurança de que está disposta a responder na mesma moeda. Há já, noutros países, estruturas semelhantes à agora criada pela China. A Austrália tem uma agência encarregue de analisar as consequências das tentativas de aquisição de firmas por parte de capitais estrangeiros e que, durante os últimos anos, já vetou, em diversas ocasiões, a entrada de empresas chinesas em sectores como o da exploração de minérios. É verdade que, no passado recente, mesmo sem a existência da entidade agora criada, as autoridades chinesas já tinham dado sinais claros de estarem atentas à forma como os investidores estrangeiros entravam no país. Em 2009, Pequim bloqueou a tentativa de entrada da Coca-Cola no produtor de bebidas chinês Huiyuan Juice Group, naquela que seria a maior aquisição por parte de uma empresa estrangeira na história da economia chinesa. Nessa altura, o ministro do Comércio justificou a decisão, alegando que a operação, que envolvia montantes da ordem dos 1600 milhões de euros, levaria a uma redução da concorrência no mercado de bebidas. Outros negócios bloqueados foram, em 2008, a compra do grupo de construção Xugong pelos norte-americanos da Carlyle ou a entrada dos russo da Evraz na empresa do sector de metais Delong. No entanto, esta nova iniciativa revela a importância cada vez maior que está a ser dada pelos diversos governos à protecção dos recursos nacionais. Com o petróleo, minérios e bens alimentares a verem os seus preços dispararem no mercado devido à expectativa de um aumento da procura muito superior ao da oferta, têm-se repetido as tentativas de realizar megaoperações de aquisição e fusão envolvendo empresas de vários pontos do Globo. A China tem estado, neste capítulo, particularmente activa, uma vez que a mudança muito rápida dos hábitos de consumo da sua população está a exigir um reforço acelerado da utilização de recursos energéticos, alimentares e minerais. A China, no entanto, tem encontrado uma forte resistência à entrada de capitais, que são geralmente controlados directa ou indirectamente pelas autoridades chinesas, por parte de diversos Estados onde estão instaladas as empresas que tentam adquirir. Esta resposta de Pequim faz também crescer as expectativas de que o processo de globalização acelerada a que se tem vindo a assistir na economia mundial possa vir a ser travado pela adopção, nas maiores potências mundiais, de medidas de carácter proteccionista. Foi isso que aconteceu na Grande Depressão. Pode repetir-se agora.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave consumo chinês