À frente da China já só estão os EUA na lista das maiores economias
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-02-14
SUMÁRIO: A China deverá chegar ao final do ano como a segunda maior economia do planeta, ultrapassando a do Japão e ficando atrás apenas dos Estados Unidos. As previsões já o indicavam, mas ontem foram conhecidos os dados do PIB japonês no segundo trimestre, que ficou um pouco atrás do chinês, tornando-se agora quase certo que no final de 2010 cairá para a terceira posição.
TEXTO: O PIB nominal do Japão no segundo trimestre do ano foi de 1, 2883 biliões (milhões de milhões) de dólares, face a 1, 3369 biliões da China, segundo dados não ajustados das variações sazonais. O valor do PIB (produto interno bruto) japonês apresentou assim um crescimento real de apenas 0, 1 por cento (ver caixa) e, atendendo a que as taxas de crescimento na China têm sido muito superiores às japonesas, espera-se que no final deste ano ultrapasse de vez a dimensão da economia japonesa. Este feito, há muito previsto, terá uma forte carga simbólica, pois o Japão é há décadas a segunda maior economia do mundo, bastante à frente da alemã. Agora, o marco seguinte para a China deverá ser destronar os EUA e tornar-se a maior economia do mundo. Poderá ainda levar mais de uma década, ou talvez nem tanto, dependendo de vários factores. A ultrapassagem do Japão pela China "é um marco do seu papel crescentemente dominante na economia global", disse Eswar Prasad, da Brookings Institution e antigo chefe da divisão da China no FMI, citado pela agência Bloomberg. O PIB da China já tinha ultrapassado o do Japão no último trimestre de 2009, mas isso deveu-se em parte a aspectos sazonais, pois a sua economia tende a acelerar no final do ano, lembrava ontem o The Wall Street Journal. Depois foi ultrapassada de novo pelo Japão no primeiro trimestre deste ano, que mesmo com os dados decepcionantes entre Abril e Junho se manteve como a segunda maior economia do mundo no conjunto do primeiro semestre. A ultrapassagem do Japão pela China em termos de dimensão económica expressa em dólares vem na sequência de um processo que se iniciou há mais 30 anos, com uma mudança de política económica do regime, que em 1978 (com Deng Xiaoping na liderança) decidiu orientar-se para o mercado, com a abertura ao investimento externo e comércio internacional. O país tem apresentado taxas de crescimento anuais da ordem dos dez por cento há pelo menos uma década, tendo sido o seu crescimento determinante para fazer o mundo sair da recessão global que viveu no ano passado. O PIB anual da China, que ronda os cinco biliões (milhões de milhões) de dólares americanos, está no entanto ainda muito atrás do dos EUA, que roça os 15 biliões. Mas, com as taxas de crescimento actuais nos dois países (que poderão não se manter, mas que por enquanto não dão sinais de arrefecer. . . ), alcançaria o dos EUA em menos de década e meia. A evolução do posicionamento da China entre as principais economias mundiais tem sido espectacular, com o produto chinês a saltar do décimo lugar em 1990 (com 390 mil milhões de dólares), atrás do Brasil e muito atrás das principais economias europeias (ver infografia), para sexto no ano 2000 (com 1, 2 biliões de dólares), à frente da Itália, do Canadá e do Brasil. Para este ano, a previsão do FMI é de 5, 36 biliões, face a 5, 27 biliões do Japão e 14, 8 dos EUA. É também importante lembrar que nas listagens internacionais, feitas por Estados, a economia da União Europeia nunca aparece contabilizada em conjunto, mas apenas país a país. As principais economias europeias aparecem ainda entre as maiores do mundo, mas com tendência para ceder posições para os grandes países emergentes. No entanto, no conjunto, quer a UE quer a zona euro só por si representam a segunda maior economia do planeta. A China tem feito o seu percurso de crescimento e desenvolvimento muito à base da mão-de-obra barata, que alimentou uma indústria exportadora com custos baixos, mas após a crise internacional desencadeada há dois anos assiste-se a uma maior aposta na dinamização da procura interna (ver texto ao lado). As suas taxas de crescimento anual foram sempre superiores a sete por cento ao ano desde 1991, tendo chegado a superar os 14 por cento. Na década que agora termina, andaram entre 8, 3 e 11, 6 por cento. Neste cenário, as estimativas do FMI para 2015 colocam o país com um PIB nominal de 9, 44 biliões (milhões de milhões) de dólares, o que representa mais de metade dos 18, 25 biliões previstos para os EUA. A posição exacta da China no ranking mundial depende, naturalmente, do critério adoptado. A utilização do PIB como medida da economia tem sido crescentemente questionada, mas continua a prevalecer. Mas, mesmo sem sair do âmbito do PIB, quando se entra em conta com as paridades de poder de compra (PPC), um método que ajusta o PIB ao poder de comprar em cada país e que assim dá uma medida menos imprecisa da quantidade de bens e serviços produzidos, a situação é substancialmente diferente. De acordo com os dados do FMI, considerando este indicador, a dimensão da economia da China (9, 71 biliões de dólares) representará este ano mais do dobro da do Japão, o qual ultrapassou já em 2001, e representará dois terços dos 14, 8 biliões de dólares PPC dos Estados Unidos. Outro aspecto que não costuma ser tido em conta é o da forte subavaliação da moeda chinesa, de que se queixam muito os EUA, e que, se for corrigida, poderá dar um novo empurrão que aproxime substancialmente a dimensão da economia chinesa da americana, quando expressa em dólares, ou que a ponha mesmo à frente desta nos próximos anos, se consideradas as paridades de poder de compra. . . Apesar de toda esta pujança, o PIB por habitante é ainda muito baixo na China, que continua a ser vista globalmente como um país em desenvolvimento, apesar de parecer em vias de se tornar uma superpotência económica e de ter regiões que se apresentam como grandes plataformas de prosperidade mundial. O valor de 3700 dólares/habitante do ano passado representou menos de um décimo dos 39, 7 mil do Japão e dos 56, 4 mil dos EUA. Em Portugal, o PIB por habitante foi de 21. 400 dólares.
REFERÊNCIAS: