Militares avisam que adoptarão "medidas necessárias" para garantir a ordem
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.05
DATA: 2011-02-17
SUMÁRIO: As forças armadas do Bahrein vão adoptar "todas as medidas necessárias para garantir a segurança, ordem e estabilidade" do reino. A garantia foi deixada por um porta-voz do Ministério do Interior e aproxima-se da declaração do estado de emergência, numa altura em que estão confirmados quatro mortos na repressão dos protestos populares.
TEXTO: Durante a noite, centenas de agentes anti-motim carregaram, armados de bastões, sobre os manifestantes que estavam acampados no centro de Manamá, exigindo reformas ao regime do rei Hamad bin Issa al-Khalifa (sunita). Dois manifestantes morreram esta manhã em consequência dos ferimentos sofridos nos confrontos, juntando-se às outras duas vítimas registadas já ontem. “Hussein Zaid, ferido no peito por uma bala de fragmentação, morreu esta manhã no hospital”, declarou à AFP Ali al-Aswad, um deputado do movimento xiita al-Wefaq. E Issa Abdel Hassan, de 65 anos, morreu após ter sido baleado na cabeça. O mesmo deputado indicou à AFP que 95 pessoas ficaram feridas, “quatro ou cinco gravemente”, uma delas mesmo em estado crítico. Esta tarde, e perante a informação de que novos protestos estalaram esta tarde na capital, o Ministério do Interior avisou que "adoptará qualquer medida restritiva e a força necessária para preservar a segurança e a ordem geral". Há também informações de que a população está a ser aconselhada a permanecer em casa. Os manifestantes ocuparam a Praça Pérola na terça-feira, depois de dois jovens xiitas terem sido mortos nos dias anteriores durante a dispersão de protestos anti-governamentais naquele pequeno reino da região do Golfo Pérsico. De acordo com testemunhos de pessoas que ali estavam ontem à noite, as forças anti-motim atacaram os manifestantes com gás lacrimogéneo mas igualmente, segundo a oposição, com balas de borracha e balas de fragmentação. "Ao longo do dia circularam rumores de que tínhamos mais 24 horas [para abandonar a praça], mas o ataque surgiu sem qualquer aviso", contou Ibrahim Sharif, membro do partido secular Waad, precisando que as forças de segurança carregaram sobre os manifestantes pelas 3h00 da madrugada (hora local, menos três horas em Lisboa). "Há centenas de mulheres e criança já lá acampados, as pessoas a dormir em tendas e, com o gás lacrimogéneo, tão denso, estas pessoas podem estar ali sem conseguirem sair, a respirar aquele ar. Há crianças que se separaram dos pais [quando a polícia entrou na praça]", afirmou. "Isto é terrorismo. Quem quer que tomou a decisão de atacar o protesto queria matar", acusou por seu lado Abdul Jalil Khalil, do al-Wefaq. As autoridades do Bahrein argumentam que não tiveram outras escolha senão "evacuar a praça Pérola, depois de se terem extinguido todas as hipóteses de diálogo". "Como houve quem recusasse obedecer à lei", a polícia teve que intervir para dispersar o protesto, explicou porta-voz do Ministério do Interior, general Tarek al-Hassan. Pela manhã de hoje, as forças de segurança estavam estacionadas nas principais artérias de Manamá. As manifestações começaram através das redes sociais e exigem reformas políticas e sociais no país, após as revoltas que derrubaram os regimes no Egipto e na Tunísia. A oposição exige mais empregos e mais casas, a libertação dos prisioneiros políticos, a criação de um Parlamento mais representativo e com mais poderes, uma nova Constituição aprovada pelo povo e um novo Governo. O Bahrein tem uma maioria xiita mas o poder está nas mãos dos sunitas. Perante os últimos desenvolvimentos, vários países pediram já contenção às forças do Bahrein, incluindo os Estados Unidos, que têm estacionado nas costas do país a sua 5ª frota naval. Segundo o Departamento de Estado norte-americano, Hillary Clinton, telefonou ao chefe da diplomacia do Bahrein para manifestar a sua "profunda preocupação com os acontecimentos recentes e pedir contenção". Para discutir a revolta que alastra na região, foi convocada para hoje em Manamá uma reunião de emergência dos chefes da diplomacia dos países árabes. Notícia actualizada às 14h43
REFERÊNCIAS:
Étnia Árabes