Televisão: crianças do ensino primário vêem programas com “bolinha vermelha”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2011-02-19
SUMÁRIO: Um estudo sobre televisão e violência em crianças que frequentam o ensino primário revelou que quase metade das inquiridas já assistiu a um programa com “bolinha vermelha” e que a esmagadora maioria viu violência no pequeno ecrã.
TEXTO: A investigação “Agressividade e violência em ecrãs e na vida real - atitudes e intenções em crianças do 1º ciclo” foi realizada por finalistas do Mestrado Integrado de Medicina, na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa: Hélder Nogueira, João Ferreira, João Theriága, Paulo Santos, Ricardo Leite e Sara Vidal. O estudo, coordenado pelo pediatra Mário Cordeiro, baseou-se num inquérito a que responderam 165 crianças de uma escola pública do primeiro ciclo do ensino básico de Lisboa e demonstrou “uma relação entre determinadas preferências televisivas e algumas variáveis como o sexo, ter televisão no quarto, auto-percepção de se ficar mais violento por ver TV ou padrão de intenção agressivo perante adversidade ou frustração”. O documento, a que a Lusa teve acesso, refere que quatro em cada cinco (81, 2 por cento) inquiridos já tinham visto algo violento na televisão e que praticamente metade (43, 6 por cento) assumiu ter visto um programa com “bolinha vermelha”. Este é “um dado importante e que deverá suscitar alguma preocupação”, escrevem os autores. Praticamente todas as crianças (93, 3 por cento) revelaram ter contacto frequente com a televisão e, quando questionadas sobre o aspecto que mais lhes agradava no herói de desenhos animados, mais de um terço (38, 9 por cento) elegeu a característica de “salvar os inocentes”, principalmente as raparigas. Os rapazes preferem os “super poderes tão fixes que destroem tudo com estilo” e ainda o facto de os seus heróis de desenhos animados andarem “à luta com os maus”. Os investigadores identificaram, por isso, “uma preferência do sexo masculino por comportamentos considerados violentos ou pelo menos mais agressivos”. A grande maioria das crianças (85 por cento) considerou “não ficar mais violenta por ver televisão” e, destas, 79 por cento consideraram que os amigos também não ficavam mais violentos. A maioria das crianças (cerca de 62 por cento) afirmou ter restrições estabelecidas pelos pais quanto aos conteúdos da programação televisiva. Cerca de metade (47, 3 por cento) das crianças afirmou ter televisão no quarto e são mais estas que vêem programas como “Wrestling”, “Morangos com Açúcar” ou “Casa dos Segredos”, tendo os autores assumido que estes não são programas adequados ao grupo etário em questão. “Este resultado parece sugerir que a presença de televisão no quarto poderá facilitar o visionamento de alguns programas globalmente considerados não próprios para estas idades, comparativamente às crianças que não têm televisão no quarto”, lê-se no estudo. Inquiridas sobre a sua reacção quando são contrariadas pelos pais - em termos de não poder jogar em consolas ou no computador - as crianças responderam maioritariamente que tentavam convencê-los ou, numa proporção ligeiramente inferior, que se resignavam e não agiriam em relação a isso. Ao analisar os resultados estratificados por sexo, verifica-se que na opção mais escolhida - “partes tudo lá em casa” - a quase totalidade das crianças que optaram por esta resposta são do sexo masculino.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola violência sexo estudo