Com telhas e outros apoios combate-se a fuga de jovens
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 3 | Sentimento -0.01
DATA: 2011-02-20
SUMÁRIO: Susana trocou Coruche por Mora, Cláudia e Luís desistiram de emigrar e já têm uma filha. Os números ainda não fazem eco do esforço para travar a debandada, mas há casos que mostram que esta receita já deu frutos.
TEXTO: Para quem aqui passa, é apenas um bocado de terreno na vila de Mora que a chuva dos últimos dias cobriu de lama, mas, para Susana Virgílio, este naco de terreno, identificado como o lote sete da Quinta das Sesmarias, é a promessa de uma vida nova que lentamente vai ganhando forma. Moradora na localidade vizinha do Couço, Susana, enfermeira, de 24 anos, trabalha em Mora e é nesta vila do Alto Alentejo, a pouco mais de uma hora de distância de Lisboa, que planeia celebrar o próximo Natal. A casa ainda não saiu do papel, mas já a conhece com tanto detalhe como se já estivesse de pé. Susana e Nélson Biléu, que namoram há oito anos e partilham o sonho de constituir uma família, concorreram em 2009 a um sorteio lançado pela Câmara de Mora para atribuir 25 lotes na Quinta das Sesmarias, um loteamento municipal não longe do centro da vila. A sorte sorriu-lhes, e como Nélson era natural do concelho e tinha menos de 30 anos, puderam beneficiar de outros apoios da autarquia: um desconto de 25 por cento na compra do terreno e uma redução para metade do valor das taxas e licenças para obras. O casal usufruiu ainda de vantagens no crédito à habitação, segundo um protocolo entre a câmara e um banco local. "São pequenas coisas que fazem muito sentido. É um incentivo aos jovens para cá ficarem", diz Susana, admitindo que estas ajudas pesaram na altura de decidir entre construir uma casa no Couço (a freguesia de Coruche onde nasceu e os seus pais residem) ou abraçar esse projecto no concelho de Mora. Sem quantificar o montante que poupou, a jovem de 24 anos garante que foi "um valor bom, que dá para aplicar noutras coisas em termos de bem-estar". Como enfermeira em início de carreira, divide o seu tempo entre três empregos diferentes e pensa gastar qualquer coisa como 160. 000 euros na compra do terreno e na construção de uma moradia com três andares. "É um bocadinho caro, mas é assim em todos os lados", observa Susana, que, apesar das dificuldades, optou por investir numa casa maior, com os olhos postos no futuro. Na moradia que esperam ter pronta até Dezembro, Nélson (que, por falta de emprego na área do desporto, está a trabalhar na construção civil) e a sua namorada elogiam a proximidade de uma escola, os bons acessos viários, o "sossego" e os futuros vizinhos, muitos dos quais serão jovens como eles. E nem a curta distância a que fica o cemitério os desarma: "Temos uma vista má, mas, enquanto a tivermos, é bom. "Odete voltou a Mora em busca de calmaSegundo o presidente da Câmara de Mora, Luís Simão, cinco dos lotes da Quinta das Sesmarias ficaram vagos, porque os interessados se confrontaram com dificuldades no acesso ao crédito. Por isso, em breve, deverá ser lançado um novo sorteio. Luís Simão diz que a necessidade de um loteamento municipal na vila se verificava "há alguns anos" e garante que, quando este estiver "esgotado", a autarquia vai procurar outro terreno para o mesmo efeito. "É uma forma muito directa de ajudar a população jovem", diz este autarca eleito pela CDU, sublinhando que os lotes (com áreas entre os 220 e os 388 metros quadrados) são vendidos a 20 euros por metro quadrado. "É muito acessível", alega Luís Simão, explicando que os valores arrecadados pelo município "não chegam para cobrir os custos com a aquisição dos terrenos". Esta política de apostar em loteamentos municipais, destinados preferencialmente a jovens (mas não só), tem sido seguida nas quatro freguesias do concelho. Na de Brotas, por exemplo, foram já erguidas três casas na Rua de Francisco Pereira Salgado, junto ao depósito de água que se avista bem de longe, ao abrigo desta iniciativa.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola