Quando um americano vai comprar armas, até vai em excursão familiar
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-02-21
SUMÁRIO: Os Estados Unidos têm a maior concentração de armas de fogo per capita: calcula-se que um em cada três americanos possui uma arma. "Existem tantas armas que seria preciso o Exército para desarmar o país", diz Randy Simmons, 55 anos, um coleccionador que está à procura de antiguidades ou raridades na feira de armas de Chantilly, no estado da Virgínia. "As pessoas neste país têm convicções tão fortes sobre o porte de arma que a única forma de conseguir que entreguem as suas armas é arrancá-las dos seus dedos frios e mortos. Por outras palavras: só por cima do seu cadáver."
TEXTO: Está uma manhã fria de sábado, mas as filas vão crescendo à porta do Dulles Expo, um pavilhão de exposições em Chantilly que durante três dias acolhe lojas e comerciantes de armas, sobretudo locais mas também de outras zonas do país. Um cartaz anuncia: "The Nation"s Gun Show. " "Qualquer coisa de que precise encontra aqui", explica um jovem loiro, hesitando responder a perguntas de uma jornalista. Ele age como se tivesse sido emboscado. Sim, fez compras; não, não vai revelar o que comprou. Não vale a pena insistir. Uma feira de armas é em grande parte uma convergência de testosterona com bonés de basebol. As mulheres são uma minoria, e sempre na qualidade de acompanhantes. Bem entendido, à excepção do homem branco (de todas as idades), tudo é uma minoria. Há bebés de colo e crianças em fardas militares: quem diria, um programa familiar para sábado de manhã. O sotaque dominante é sulista. A poucos metros da entrada, uma rapariga com um boné da National Riffle Association (NRA), o influente lobby pró-armas, recruta novos aderentes: "Quem se inscrever na NRA entra de graça. " Por 12 dólares, recebe-se um pequeno bilhete rectangular semelhante aos antigos bilhetes de cinema. Avisos na porta: "Proibido armas carregadas! Sem excepções!" e "Descarregue a sua arma agora". A rapariga que recolhe os bilhetes pergunta: "Traz alguma arma carregada?" A organização parte do princípio que o visitante está de boa-fé. Se a resposta for negativa, não é inspeccionado. E entra no pavilhão. Compradores muito concentrados percorrem as duas centenas de expositores. Pistolas de cano longo, revólveres cor-de-rosa a pensar num público feminino, punhais com cabos ao gosto do cliente, espingardas com baioneta, AK-47, peças de época, coletes à prova de bala, cartuchos vazios para fabricar as suas próprias balas, metralhadoras, coldres. Atentado ajudou a venderQual é a melhor arma para auto-defesa? "Errr, é como perguntar qual é o melhor carro", diz o vendedor da Rabbit Ridge, uma loja da Virgínia. "Eu gosto da nove milímetros. "Uma das armas mais populares é a semiautomática Glock 19, fabricada na Áustria. Preço: 500 dólares. Foi a arma usada por Jared Loughner, 22 anos, há um mês, em Tucson, no Arizona, quando disparou sobre um grupo de pessoas num encontro político, matando seis (incluindo um juiz federal e uma menina de nove anos) e ferindo 13, entre elas a congressista democrata Gabrielle Giffords. Depois de Tucson, as vendas da Glock 19 dispararam, como se a tragédia a tivesse convertido numa arma famosa. A procura de carregadores de grande capacidade também subiu - Loughner usou um com capacidade para disparar 30 tiros sem interrupção. "Quando uma coisa dessas acontece", explica David Heath, 56 anos, proprietário da Guns & Ammo Warehouse, em Manassas, "os políticos reagem logo: "Vamos proibir os carregadores de grande capacidade. " E deixa as pessoas preocupadas, que correm logo a comprar carregadores antes que sejam banidos. Não é a melhor forma de comprar armas, porque é motivada pelo medo. "Tucson reacendeu a discussão sobre a necessidade de maior controlo no porte de armas, que ocorre sempre que acontece um tiroteio de larga escala. A imprensa americana publicou editoriais apelando ao maior escrutínio dos compradores de armas - apesar de ter um historial de complicações mentais, Loughner não teve dificuldade em comprar uma Glock 19 numa loja. Defendeu-se a urgência de proibir a venda e uso de carregadores de grande capacidade. Esperava-se que o presidente Barack Obama incluísse a necessidade de leis mais restritivas no seu discurso sobre o estado da União. Quando não o fez, a esquerda ficou desapontada, mas o tema esmoreceu rapidamente.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homem medo minoria mulheres rapariga