Segundo C-130 trouxe mais 64 portugueses da Líbia esta madrugada
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2011-02-23
SUMÁRIO: Um segundo C-130 aterrou esta madrugada, pouco antes das 4h00, no aeroporto militar de Figo Maduro, em Lisboa, transportando portugueses que estavam na Líbia.
TEXTO: O avião da Força Aérea Portuguesa chegou a Lisboa proveniente de Itália, onde tinha aterrado cerca das 20h30 de terça-feira, transportando 75 cidadãos, 64 portugueses e 11 estrangeiros que trabalham para empresas portuguesas ou de capital português na Líbia. Milhares de cidadãos estrangeiros que trabalham ou residem na Líbia continuam retidos em Bengasi à espera de serem evacuados por via marítima, já que o aeroporto naquela cidade costeira está inoperacional desde segunda-feira, e o porto parece ser já a única porta de saída. Os protestos na Líbia contra o regime do coronel Muammar Khadafi começaram no passado dia 15, tendo sido reprimidos com violência. Os incidentes mais graves foram registados sobretudo em Tripoli, a capital, e em Bengasi, a segunda maior cidade líbia. Segundo organizações internacionais, centenas de civis já perderam a vida desde o início dos tumultos. Segundo relatos dos portugueses que chegam a Portugal, a situação no aeroporto de Tripoli é “caótica” e “complicada”, nas ruas ouvem-se “tiros” e vê-se “destruição”. Jorge Maciel, preparador físico da equipa Al-Attihad, que liderava o campeonato de futebol da primeira liga líbia entretanto interrompido, contou à Lusa que “na semana passada estava tudo tranquilo” e que “de um momento para o outro” a situação começou a complicar-se “primeiro em Bengasi e depois em Tripoli”. “O primeiro sintoma de que as coisas podiam estar muito esquisitas foi quando queríamos ir à Internet e deixámos de aceder a determinadas páginas, nomeadamente o Facebook e o Hotmail”, o que começou a verificar-se “no fim da semana passada”, relatou Jorge Maciel. O português, que estava na Líbia desde Dezembro, conta que “a principal preocupação” era “tranquilizar” os familiares em Portugal até porque, em Tripoli, não tinha acesso ao que se estava a passar no país. Isto porque “havia poucas notícias em inglês, era tudo em árabe” e havia “pouca capacidade de entrar em contacto” com a família, uma vez que as comunicações falharam. Quando chegou ao campo de treinos, na segunda-feira, Jorge Maciel percebeu que “a cidade estava praticamente deserta de manhã” e viu “alguns pontos com focos de incêndio, cheirava a queimado e algumas esquadras da polícia estavam completamente destruídas”. Como apenas os jogadores estrangeiros se apresentaram ao treino, os três portugueses actualmente no clube, incluindo dois jogadores com dupla nacionalidade (portuguesa e brasileira) e Jorge Maciel, pediram os passaportes e foram para o aeroporto. “Fomos para o aeroporto ontem [segunda-feira] de manhã e a situação estava muito complicada. Se as autoridades internacionais puderem, pelo menos, orientar o controlo de entradas no aeroporto. . . O cenário ainda não é de desespero, em que as pessoas se atropelam, mas é incrível ver milhares e milhares de pessoas a chegarem de táxi com bagagens às costas e toda a gente a querer entrar”, explicou. Romana Pereira, uma das poucas mulheres que vinha no C-130, estava em Tripoli de visita ao marido, a trabalhar na capital líbia há três meses. Com uma filha bebé ao colo, conta que estava num “condomínio fechado”, onde “ninguém entrava sem identificação” e com “polícia em todo o lado”. Apesar da aparente segurança, Romana e a família ouviam “tiros durante a noite”, uma situação de insegurança que não esperava: “Quando se entra naquele país, é um sossego, melhor do que Portugal, mais calmo”, afirmou. Também o tenente coronel Paulo Peres, que pilotou o C-130 da Força Aérea Portuguesa que chegou hoje, adianta que a situação na Líbia não tem nada a ver com o Egipto, de onde também transportou portugueses. No aeroporto militar de Figo Maduro, o piloto afirmou aos jornalistas que, em Tripoli, “as pessoas estão mais assustadas” e que há “mais tensão e nervosismo no controlo aéreo”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha violência campo mulheres