“O meu povo adora-me”, diz Khadafi
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.5
DATA: 2011-03-01
SUMÁRIO: Nem os confrontos em várias cidades nem o aumento da pressão internacional parecem demover Muammar Khadafi. O líder líbio voltou a falar aos jornalistas como se não houvesse protestos. “Todo o meu povo me adora, morreriam para me proteger.”
TEXTO: Num entrevista transmitida pela BBC, Khadafi chegou a sorrir perante a sugestão de que deveria deixar o país. “Eles adoram-me. Todo o meu povo está comigo. Adoram-me todos. Eles morreriam para me proteger e proteger o meu povo. ”A secretária de Estado Hillary Clinton defendeu na Comissão de Direitos Humanos da ONU que Khadafi deve “partir imediatamente”, a União Europeia impôs sanções, não se sabe quantas pessoas morreram desde o início dos protestos a 15 de Fevereiro, mas sabe-se que as vítimas foram milhares. Mas nada disso impede Khadafi de negar as imagens de confrontos e violência que chegam da Líbia. “Vocês não percebem o sistema daqui, o mundo não compreende o sistema daqui, a autoridade do povo. Não há manifestações nas ruas”, disse aos jornalistas. Tal como já tinha dito nos últimos dias, Khadafi repetiu que os manifestantes estão sob influência de drogas fornecidas pela Al-Qaeda. E mostrou-se surpreendido e traído pelos líderes que pedem o fim do seu regime. “Estou surpreendido que, tendo nós uma aliança com o Ocidente para combater a Al-Qaeda, nos abandonem agora que estamos a combater terroristas, disse à estação de televisão ABC. Até considerou o Presidente norte-americano Barack Obama “um homem de bem”, que está a ser “vítima de desinformação. ”"Parece delirante"“Delirante” foi a palavra escolhida pela embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, para qualificar o discurso de Khadafi. “Francamente, parece delirante, quando ele fala e ri perante jornalistas estrangeiros enquanto massacra o seu povo”, disse à AFP. “Isso mostra a que ponto está incapaz de governar, e a que ponto está desfasado da realidade. ”Obama encontrou-se esta segunda-feira com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para abordar a situação na Líbia, horas depois de a secretária de Estado Hillary Clinton ter defendido numa reunião do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, em Genebra, que “está na hora de Khadafi sair, agora, sem mais violência e sem mais demoras”. Um porta-voz do Pentágono anunciou, entretanto, que os Estados Unidos colocaram forças navais e aéreas em redor da Líbia e que irão enviar duas equipas de ajuda humanitária, e Clinton sublinhou que não está prevista qualquer acção militar. Mais de 100 mil pessoas já abandonaram o país, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os refugiados. Grande parte partiu em direcção à fronteira com a Tunísia, onde a chegada de refugiados está a causar uma crise humanitária. Confrontos em várias cidadesA oposição controla várias cidades e os principais campos petrolíferos, enquanto as forças de Khadafi, que têm recorrido a mercenários para defender o regime, estarão confinadas a Trípoli. Mas em algumas cidades voltou a haver confrontos entre grupos rebeldes e apoiantes do coronel que governa a Líbia há mais de 42 anos. Em Misurata, a leste de Trípoli, esses confrontos causaram pelo menos dois mortos e um ferido grave, segundo uma testemunha citada pela AFP. “Os habitantes mantém o controlo da cidade, mas não estão armados e foram cercados pelas forças de Khadafi. ”Também em Zauia, a 50 quilómetros de Trípoli, os militares pré-regime cercaram a cidade para tentar recuperar o controlo da região. “Estamos à espera de ataques a qualquer momento, são em grande número”, disse à Reuters um habitante da cidade. Em entrevista à Al-Jazira, o antigo ministro do Interior, Abdul Fatah Younis, admitiu pedir a intervenção das forças aéreas dos países árabes, União Europeia e Estados Unidos para “proteger as tropas, atacar alvos do regime e defender os meios civis e centros populacionais”. Mas Younis rejeitou liminarmente a possibilidade de tropas estrangeiras em território líbio.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU