Os mais novos do mais velho partido português
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-03-06
SUMÁRIO: O que leva hoje os jovens a escolher o PCP? O PÚBLICO foi conhecer a camada mais nova do partido e as razões para se tornarem militantes.
TEXTO: São dez jovens que escolheram filiar-se no PCP ou na Juventude Comunista Portuguesa (JCP) há menos de 12 anos. O Bloco de Esquerda já existia, apresentava-se como um partido diferente e captava algum eleitorado jovem que se identificava com as causas defendidas. Mas essa nunca foi uma hipótese para estes jovens, que garantem que o PCP é o único que está certo para eles. É uma questão de ideologia, que descobriram na escola, mas já lhes corria no sangue. "O PCP é provavelmente o partido que tem mais jovens no Parlamento e com uma direcção política mais jovem", comenta Daniel Vieira, que aos 23 anos foi eleito presidente da Junta de Freguesia de São Pedro da Cova, em Gondomar. Sente a responsabilidade de ser o mais novo presidente de uma junta de freguesia, mas encara o cargo como uma "tarefa do partido, num colectivo de homens e mulheres que a leva para a frente". Rita Rato é um exemplo da juventude no Parlamento a que Daniel Vieira se refere. A deputada entrou na JCP, quando ingressou no curso de Ciência Política e se viu "confrontada com as dificuldades todas do ensino superior". Já nutria simpatias pelo partido, essencialmente pelo papel que este sempre desempenhou no Alentejo, a sua região de origem, mas foi nos corredores universitários que tomou contacto com os futuros camaradas. Um documento pelos direitos dos estudantes distribuído pela juventude comunista à entrada da Universidade Nova convenceu-a a inscrever-se. Acção nas escolasÉ na escola que grande parte dos jovens comunistas decide juntar-se ao partido, muitos ainda ao nível do ensino secundário, quando tomam "contacto com a realidade". Referem problemas como o valor das propinas no ensino superior ou a falta de material escolar, a educação sexual e os exames nacionais e identificam-se com as propostas da JCP, organização que sentem que pode ajudá-los. "A nível da faculdade, se existe, por exemplo, um problema concreto sobre a falta de sala de aulas, a JCP intervém. Algumas juventudes partidárias também se preocupam com isso e dizem estar do nosso lado. Mas a JCP tenta fazer alguma coisa", exemplifica Ana Rita Governo, uma jovem de Torres Vedras, que considera a JCP "a juventude partidária mais consequente", um dos motivos que a levou a aderir. A JCP realizou acções junto de todas as escolas dos jovens com quem o PÚBLICO falou e foi mesmo a juventude partidária mais visível, ou até a única. Não foram decisivas, dizem, apenas facilitaram o contacto, porque a identificação com o partido já existia. Uma questão hereditária"É uma coisa que circula na família, que temos cá por casa", diz, por seu turno, Tiago Martins. Foi "recrutado" na escola por dois colegas, depois de ter posto, por iniciativa própria, "muita gente na rua" numa manifestação de estudantes do ensino secundário. "Acredito que já estavam de olho em mim. Acho que viram que tinha os ideais, mas pensaram que podia ser apenas passageiro e deram-me uma chance de mostrar que não era", conta Tiago. Uma situação que o deixou "orgulhoso", confessa. Destes dez jovens, oito têm familiares militantes ou com ideais de esquerda. Ressalvam que não foram obrigados. "É uma decisão muito pessoal, sem influência dos pais. Até nisso somos bastante democráticos", diz Ricardo Brites, militante do PCP há dez anos - na época nem deu pela existência do BE. "Isto não é como ser de um clube de futebol, porque os pais são, porque ganha sempre ou porque é o clube que tem mais gente. É uma questão de ideologia", reforça. Com os pais participaram em eventos do partido, como a Festa do Avante!, desde muito novos e admitem que "o meio tem sempre alguma influência". Outros nem são opção
REFERÊNCIAS: