Cerca de 20 manifestantes detidos em Luanda
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DATA: 2011-03-07
SUMÁRIO: Cerca de 20 pessoas foram hoje detidas em Luanda, incluindo o rapper angolano “Brigadeiro Mata Frakus” e jornalistas do “Novo Jornal”, quando se preparavam para dar início aos protestos anti-governo marcados para hoje.
TEXTO: Em declarações à Lusa, o subdirector do “Novo Jornal”, Gustavo Costa, confirmou a detenção de três jornalistas pela polícia de Luanda, desconhecendo até ao momento o paradeiro dos detidos. "Vou agora sair de casa para saber mais informações porque neste momento continuamos sem saber do paradeiro dos meus colegas", afirmou Gustavo Costa, contactado telefonicamente a partir de Lisboa. O director adjunto do "Novo Jornal" adiantou ainda que passou a madrugada a fazer de "bola de pingue-pongue" entre a Polícia Judiciária Provincial e a Polícia Judiciária Nacional para saber informações dos jornalistas detidos. "Disseram-me que não estava lá ninguém, que não sabiam de nada e para me dirigir esta manhã novamente à Judiciária Provincial para me darem informações", explicou, citado pela Lusa. Para Gustavo Costa, a detenção dos três jornalistas do "Novo Jornal" foi uma "estupidez" porque, disse, "eles estavam a fazer a cobertura da manifestação, não se estavam a manifestar". "Espero que os meus colegas acabem por sair, porque isto não faz sentido nenhum", acrescentou. O organizador dos protestos, o Movimento para a Paz e a Democracia em Angola (MPDA), já exigiu em comunicado a “libertação urgente e incondicional” dos cerca de 20 manifestantes anti-Governo detidos esta madrugada pela polícia quando estavam reunidos na Praça 1º de Maio, indica o portal noticioso Angola 24 Horas. “Exigimos que 'Brigadeiro Mata Frakus' e toda a equipa do ‘Novo Jornal’, nomeadamente Ana Margoso, Pedro Cardoso, Afonso Francisco e Idalio Kandé, sejam postos em liberdade antes da realização das manifestações”, indica o MPDA em comunicado. “Caso contrário” - indica ainda o MPDA - “vai tomar medidas repressivas que poderão pôr fim à diplomacia angolana no exterior”. O Movimento para a Paz e Democracia em Angola foi fundado em Julho de 2004, em Bruxelas, por Massunguna da Silva Pedro, auto-denominado presidente em exílio do MPDA. Através do perfil do movimento no Facebook, pode ler-se que o MPDA foi fundado pelos “os jovens quadros angolanos da diáspora”, revoltados contra o “incontestável ditador” José Eduardo dos Santos. Citado pelo portal Angola 24 Horas, um dos responsáveis pelos protestos, Dias Chilola, indicou que a manifestação anti-governamental convocada pela Internet para segunda-feira em Luanda, vai realizar-se apesar dos discursos "intimidatórios e demagógicos" do MPLA (Movimento para a Libertação de Angola), que "já não pegam". No sábado, muitos milhares de pessoas desfilaram pelas ruas de Luanda na chamada "marcha patriótica pela paz", uma iniciativa destinada a reagir - por antecipação - às manifestações anti-governo convocadas para as 00h00 de hoje e demonstrar apoio ao Presidente José Eduardo dos Santos. O país dos contrastes e da desigualdadeNum artigo recente publicado na "The Economist", intitulado "Mine, all Mine", a revista dá conta do milagre económico angolano, sublinhando porém os contrastes existentes no país dominado há três décadas por Eduardo dos Santos, que intitula de "cleptocracia". "Apenas nove por cento da população de Luanda (cerca de cinco milhões) tem água corrente, uma percentagem menor do que durante a guerra civil. Um pouco por todo o país, metade da população de 18 milhões não tem praticamente acesso a cuidados médicos". Nos últimos anos, o país tem investido em grandes "elefantes brancos", cuja utilidade é duvidosa, indica ainda o artigo da "The Economist". Foram comprados 3000 autocarros mas o país só tem 1500 motoristas. Foi construído um edifício para a Bolsa, mas o país não tem mercado de valores. Foram gastos cerca de mil milhões de dólares em quatro estádios para a Taça das Nações Africanas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra