Tanques de Khadafi cercam Zauia e aviões bombardeiam Ras Lanuf
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DATA: 2011-03-09
SUMÁRIO: Dezenas de tanques das forças leais ao líder líbio Muammar Khadafi fecharam cerco esta manhã sobre os rebeldes que mantêm a defesa de terreno na praça principal da cidade de Zauia, sob intensos ataques ao longo dos últimos dias e um “pesado” balanço de vítimas mortais.
TEXTO: “Estamos a ver os tanques, estão por todo o lado”, relata um dos combatentes da rebelião em Zauia, citado pela agência noticiosa britânica Reuters. A mesma testemunha descreve que as forças de Khadafi (tropas, milícias e mercenários) controlam a estrada principal e os subúrbios de Zauia, cidade estratégica dada a sua localização a 44 quilómetros para Oeste de Trípoli, a capital, sob domínio do regime líbio. Zauia, cidade de 250 mil habitantes, assistiu aos mais violentos combates e bombardeamentos nesta última semana – quando a revolta segue já para o 23º dia consecutivo – e as descrições dos habitantes são de enorme desespero. “Há tantas pessoas mortas e nem sequer as conseguimos enterrar. Zauia está deserta. Não há ninguém nas ruas. Nem animais. Nem pássaros no céu”, conta o rebelde, que se identificou como Ibrahim. Um residente reporta que “Zauia como a conhecíamos já não existe”: “Eles têm estado a atacar desde de manhã até à noite. As ruas estão pejadas de corpos. Não há electricidade, nem água. Estamos isolados do resto do mundo”. As agências noticiosas descrevem a partir de testemunhos de residentes e combatentes da rebelião na cidade que as forças de Khadafi e os rebeldes estão neste momento separados por cerca de quilómetro e meio e que há atiradores furtivos no topo dos telhados, os quais disparam sobre quem quer que saia à rua. Grande parte da cidade está em ruínas, sobretudo após os intensos bombardeamentos aéreos de ontem, é ainda testemunhado à BBC – que frisa ter tido todas as suas equipas de reportagem impedidas de entrar em Zauia pelas tropas de Khadafi. A televisão estatal líbia sustentou que as forças do regime recuperaram já a cidade. “Podíamos dizer que controlamos a área a 100 por cento, mas falemos antes em 90 por cento uma vez que os sabotadores ainda estão espalhados dentro da cidade”, atestava um soldado. Noutro testemunho, o capitão de uma das unidades leais ao regime precisava que “ainda há por aqui uns grupos de ratos, escondidos nalguns becos e dentro de casas, mas estamos a capturá-los um atrás do outro”. Estes combates obrigaram entretanto ao encerramento das operações de uma das maiores refinarias da Líbia, nos arredores de Zauia, com capacidade de produzir 120 mil barris de petróleo por dia. “Foram disparadas armas pesadas bem perto e não podemos manter a refinaria a funcionar nestas condições”, explicou um responsável do complexo petrolífero, citado pela agência noticiosa britânica Reuters. A refinaria tem-se mantido a funcionar, a 70 por cento da sua capacidade, ao longo das duas últimas semanas, já depois de Zauia ter sido conquistada pela rebelião e mesmo durante as primeiras tentativas do regime para recuperar a cidade. Do lado Leste do país – cujo território está praticamente todo sob o controlo da rebelião – as forças do regime líbio mantiveram pressão sobre algumas das cidades “libertadas”, incidindo particularmente no porto petrolífero de Ras Lanuf e destruindo com raides aéreos um dos principais sistemas de abastecimento de água da cidade. Hoje a cidade voltou a ser alvo de artilharia pesada pelas tropas de Khadafi, mas sem causar nenhumas vítimas, segundo foi testemunhado pelo correspondente da agência noticiosa francesa AFP no local, descrevendo o barulho de “fortes explosões” a apenas cinco quilómetros para Oeste de Ras Lanuf, junto ao terminal petrolífero de Es Sider. Os aviões mantêm patrulhas frequentes da área, assim como da cidade de Benjawad, a apenas 30 quilómetros de distância, reconquistada no domingo pelas forças leais ao regime.
REFERÊNCIAS:
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