João Nuno Martins: Por que é que NÃO VOU participar no protesto da "geração à rasca"?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-03-10
SUMÁRIO: Nome: João Nuno MartinsIdade: 38 anosResidência: LisboaProfissão: Produtor Artístico
TEXTO: Preciso esclarecer, antes de mais, que sinto tristeza por não me poder juntar à manifestação de dia 12. Tristeza porque, apesar de me sentir revoltado por ver o nosso país ser saqueado por uma classe política e financeira sem escrúpulos, que despreza as necessidades mais elementares dos cidadãos, e que se aproveita do nosso esforço, não me revejo minimamente no texto do manifesto que norteia esta manifestação nem nas patetices infantis e demagógicas que tenho ouvido da boca de ALGUNS dinamizadores do protesto. Tristeza também porque sinto um enorme desejo de me manifestar seriamente e exigir mudanças concretas na nossa governação, mas não me parece que seja isso que este movimento quer. A verdade é que nem o movimento, ele próprio, sabe o que quer. Sinto que é tempo de mudar, de lutar pela mudança, de fazer ouvir a voz de um povo que está farto de fazer sacrifícios para sustentar um sistema que apenas se interessa por si próprio. Mas mudar mesmo, de raiz, a sério. Acabar com um sistema que nos exige esforço e sofrimento, enquanto aqueles em quem depositamos a nossa confiança vivem na abastança, exibindo uma vida sumptuosa sem o menor pudor. É preciso mudar, reformular o sistema democrático (?) que temos, que nos pede o aval uma vez de quatro em quatro anos e nos ignora absolutamente o resto do tempo. É preciso mudar. Rever e ajustar os vencimentos dos detentores de cargos públicos. Acabar com as regalias principescas, com os carros e motoristas, com as ajudas de custo palacianas, assessores e adjuntos e secretárias. Acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não servem para nada e, têm funcionários e administradores com salários irreais. Acabar com a possibilidade da transição de mandatos de governo para conselhos de administração de grandes grupos económicos. Acabar com o sigilo bancário de detentores de cargos públicos. Acabar com a impunidade. Enfim, acabar com o escândalo que tem sido a governação deste país e mudar as regras do jogo para que nas próximas eleições os novos candidatos saibam que a fonte de riqueza e estabilidade vitalícia que eram a governação e o poder, acabaram de uma vez por todas neste país. Mudar, mudar, mudar. Quero ver no poder gente que trabalha a sério. Gente competente com princípios e valores sólidos. Gente qualificada, com visão global e consciência colectiva. Gente séria e responsável. Mas esta mudança que eu desejo nunca acontecerá se não soubermos e estivermos absolutamente convictos do que queremos. E acima de tudo não se fará se não tivermos consciência de que temos que ser nós os primeiros a mudar. Cada um de nós. Na sua casa. No seu condomínio. No seu emprego. Na sua cidade. Na sua Rua. No seu grupo de amigos. No seu íntimo. Na sua mentalidade.
REFERÊNCIAS:
Marcas COM NOS GLOBAL