Comunidade internacional permanece dividida sobre intervenção na Líbia
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-03-16
SUMÁRIO: O desentendimento na comunidade internacional sobre a forma de agir em relação à crise na Líbia permanece, com uma divisão acentuada no que toca à imposição de uma zona de exclusão aérea ao regime de Muammar Khadafi, que muitos temem poder conduzir a uma guerra aberta.
TEXTO: Esse receio foi expresso de novo hoje pelo ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, Franco Franttini, que em audiência no Senado garantiu que uma intervenção militar na Líbia está fora de questão. “Não podemos ter uma guerra. A comunidade internacional não deve fazê-lo, não o quer, nem pode”, avaliou. Franttini disse ser a favor de uma cimeira a ser convocada para a próxima semana, reunindo os líderes da União Europeia, da Liga Árabe e da União Africana, “as três partes que podem fazer a diferença” na Líbia. Qualquer opção, e em especial a de zona de exclusão aérea, “já viria tarde”, argumentou por seu lado o antigo ministro francês dos Negócios Estrangeiros Bernard Kouchner, em declarações fortemente críticas da acção da comunidade internacional. “A questão está em querer ajudar o povo [líbio] ou deixá-lo morrer. Se é para o deixar morrer sejamos diplomatas e o tempo para a paz acabará por chegar. Mas se queremos salvar as pessoas, salvar vidas, há que tomar decisões agora em nome da comunidade internacional”, sustentou numa entrevista transmitida hoje (e gravada ontem) pela rádio suíça WRS. “Temos a responsabilidade de proteger. Isso foi aceite pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas e votado pela Assembleia geral das Nações Unidas e não estamos a fazer nada. Sabemos há três semanas que a sociedade civil, as pessoas pobres, estão a morrer. E não estamos a fazer nada”, insistiu Kouchner, argumentando que a adopção da zona de exclusão aérea – que impediria as forças leais a Khadafi de bombardear as cidades “libertadas” pelos rebeldes – é “o mínimo”. “Mas mesmo isso já vem tarde de mais”, observou, em referência ao avanço constante nos últimos 11 dias das tropas do regime líbio pelo território Leste que a rebelião conquistara nas primeiras semanas da contestação, iniciada a 15 de Fevereiro. As potências internacionais, individualmente e em bloco, condenaram veementemente a repressão de Khadafi das primeiras manifestações, assim como as acções militares contra a rebelião, mas tem-se mantido aquém de qualquer acção que ajude os rebeldes no terreno. São esperadas hoje novas negociações no seio das Nações Unidas, a incidir sobre uma proposta de resolução elaborada pela França, Reino Unido e Líbano que prevê a imposição da zona de exclusão aérea – mas, como em ocasiões anteriores, é esperada a firme oposição tanto da Rússia como da China, ambos com poder de veto em qualquer decisão do Conselho de Segurança.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra exclusão comunidade