Idosos japoneses são as vítimas esquecidas do pós-tsunami
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DATA: 2011-03-19
SUMÁRIO: O caso, noticiado ontem pelo diário britânico The Guardian, é particularmente chocante: 128 idosos foram abandonados pelo pessoal médico de um hospital a menos de dez quilómetros da central nuclear de Fukushima. Quando foram encontrados pelas Forças de Autodefesa do Japão, a maior parte estava em coma e 14 morreram pouco depois.
TEXTO: Outros onze idosos morreram numa casa de repouso em Kesennuma, devido às baixas temperaturas, depois de o petróleo para aquecimento ter acabado, noticiou o jornal. Isto seis dias depois de 47 dos seus companheiros de residência terem sido levados pelo tsunami. O número oficial de mortos ultrapassou ontem os 6500, mas as estimativas indicam que pode chegar a 15 mil. Situações como a do hospital, de que se conheciam ontem poucos pormenores, serão casos pontuais, a crer nas informações de organizações humanitárias, que, segundo a Reuters, ontem informaram que a maior parte dos sobreviventes nas zonas mais afectadas pelo desastre beneficiava já de ajuda alimentar, aquecimento e apoio médico. Mas o episódio ilustra a fragilidade particular dos grupos etários mais vulneráveis, parte importante das vítimas do desastre, que atingiu mais severamente as regiões de Miyagi, Iwate e Fukushima. O diário britânico referia também ontem que a organização Save the Children encontrou a norte de Sendai crianças em condições miseráveis e preocupadas com o risco nuclear. "Foram cenas terríveis. Em lugares como Onagawa, não sobrou nada", contou Ian Woolverton, o chefe da missão. Uma das crianças, Yasu Hiro, disse aos membros da equipa: "Nós sabemos das bombas de Hiroxima e Nagasáqui, e estamos muito assustados. Isso preocupa-nos. Se explodir, vai ser terrível". No caso dos idosos, a hipotermia, a desidratação, os problemas respiratórios, são, no imediato, ameaças que pairam também sobre muitos. Outros têm ainda que lidar com um problema extra: durante o sismo, ou na fuga, perderam a medicação contra doenças crónicas como hipertensão ou diabetes, explicou à AFP Eric Ouannes, director-geral do ramo japonês dos Médicos Sem Fronteiras. Os meios de comunicação japoneses têm noticiado o risco de epidemias de gripe e de problemas gástricos entre os alojados em centros de acolhimento, bem como o aumento de mortes de idosos devido a stress pós-traumático. O Japão, com um quarto da população acima dos 65 anos, tem uma população envelhecida, devido ao efeito combinado de uma baixa natalidade com a esperança de vida mais elevada do mundo - 86, 4 anos para as mulheres, 75, 6 para os homens. Mais de uma semana depois do tsunami, as esperanças de encontrar pessoas com vida são cada vez mais remotas. "Há provavelmente dezenas de corpos a que não conseguimos chegar. A água pode ter levado as pessoas para lugares em que não conseguimos procurar", contou ao Guardian uma bombeira britânica. "Já não temos nada a fazer"Face à impotência, apesar do elevado número de desaparecidos, as equipas de busca e salvamento começam a dar por concluídas as suas tarefas. "Já não temos nada a fazer", disse Pete Stevenson, outro bombeiro britânico. "A forte neve e as baixas temperaturas seis dias depois do início do desastre levam a que haja uma probabilidade extremamente baixa de encontrar sobreviventes", informou na quinta-feira o Departamento Britânico para o Desenvolvimento Internacional, que deslocou para o terreno 59 especialistas em busca e salvamento, uma das duas áreas - a par de apoio especializado no nuclear - em que as autoridades japonesas pediram ajuda. O número de pessoas em 2700 centros de acolhimento provisórios está calculado em 550 mil - soma dos que viram as casas destruídas com aqueles que as que tiveram de deixar por se situarem num raio de 20 quilómetros da central de Fukushima. Calcula-se que 1, 6 milhões de casas estejam sem água e 600 mil sem electricidade, segundo dados do Governo divulgados pela AFP.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens ajuda mulheres japonês