Khadafi jura ao "fascista" Ocidente que vai vencer a guerra
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.8
DATA: 2011-03-23
SUMÁRIO: Khadafi voltou ontem a falar em público, a partir do já muito destruído edifício presidencial no complexo militar de Bab al-Aziziyah, em Trípoli, aparecendo pela primeira vez frente às multidões desde que começaram os ataques da coligação internacional contra as forças do regime, a 19 de Março.
TEXTO: Numa mensagem transmitida pela televisão estatal, o coronel assegurou que ninguém o vai demover e que a Líbia sairá vitoriosa deste conflito. “No final conseguiremos chegar à vitória (. . . ) Não nos vamos render, iremos derrotá-los por todos os meios”, gritou Khadafi, assegurando que o seu regime está “preparado para a luta, seja longa ou curta”. “Este ataque é feito por um bando de fascistas que vão acabar no caixote de lixo da história”, afirmou, enquanto centenas de apoiantes o aplaudiam entusiasticamente e disparavam armas para o ar. O coronel falou numa varanda do palácio, destruído parcialmente nos raides de segunda-feira feitos pelas forças da aliança e que fica no interior do complexo de Al- Aziziyah – bombardeado pelos Estados Unidos em 1986 em retaliação pela cumplicidade da Líbia num atentado à bomba em Berlim. Diante do líder líbio estavam centenas de defensores do seu regime, que cumpriam o duplo papel de espectadores e de escudos humanos, na iminência de novos ataques ocidentais. Os aviões da coligação internacional efectuaram 97 voos nas operações desta terça-feira e atingiram carros de combete e baterias antiaéreas das forças de Khadafi, mas não voltaram a ser lançados mísseis nas últimas horas, adiantou à Reuters, ao início da tarde, o comandante norte-americano Beverly Mock, porta-voz da coligação que se encontra a bordo do navio USS Mount Whitney, de onde têm sido coordenadas as operações no Mediterrâneo. Entre sábado e esta quarta-feira, as forças da coligação lançaram 162 mísseis Tomahawk, pelo menos 112 logo nas primeiras horas da operação. As forças internacionais lançaram durante a madrugada de ontem para hoje pelo menos dois bombardeamentos em volta de Misurata (pouco antes da uma da madrugada e depois já bem perto do nascer do dia), a posição isolada dos rebeldes no oeste da Líbia, a 200 quilómetros de Trípoli, que assiste já a longas semanas de batalha e um cerco irredutível dos tanques de Khadafi. Residentes e rebeldes chegaram a dizer que a artilharia de Khadafi “não disparou um só tiro desde que começaram os raides aéreos [da coligação]” nesta madrugada. Mas mais tarde um habitante de Misurata contou à Reuters que as forças de Khadafi dispararam sobre uma clínica onde vários feridos estavam a ser tratados, tendo causado a morte de pelo menos três pessoas. As informações não foram confirmadas por fontes independentes, mas de Misurata chegaram relatos de uma novos ataques das forças de Khadafi. Um médico do hospital local contou à AFP que nesta terça-feira as forças de Khadafi causaram pelo menos 17 mortos civis, entre eles cinco crianças. "Quatro crianças, duas raparigas e dois rapazes, estavam num carro com os seus pais, para fugir aos bombardeamentos das forças de Khadafi, foram mortos na terça-feira de manhã. E depois recebemos uma outra crianças que foi morta durante a tarde", contou o médico à Reuters. Sem abastecimento de água há vários dias e a comida a escassear, e os médicos a operar praticamente já sem anestesias e medicamentos – muitos feridos sendo deixados sem tratamento ou mesmo mandados embora dos hospitais –, a população vive mergulhada no desespero. “A situação é desastrosa. Os médicos e as equipas clínicas estão exaustos para lá de todas as capacidades físicas humanas. E alguns deles nem sequer conseguem chegar ao hospital por causa dos tanques e dos atiradores furtivos [das forças do regime]”, descreveu um médico da cidade, em testemunho telefónico dado à agência noticiosa britânica Reuters.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte humanos ataque morta