"Violador de Telheiras" começa hoje a responder por 74 crimes de sequestro, violação e roubo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-03-24
SUMÁRIO: Chamaram-lhe "Violador de Telheiras", mas também lhe poderiam ter dado o nome de outras zonas de Lisboa. A fazer fé na acusação, podia ser o "Violador de Alfragide" ou o "Violador de Linda-a-Velha"; ou ainda, caso houvesse confirmação policial de crimes confessados mas nunca denunciados, o "Violador dos Olivais", de Sete Rios, de Santa Catarina ou de Algés. Aos 30 anos, aquele que se tornou no mais conhecido abusador sexual do país começa hoje a ser julgado em Lisboa, onde vai responder por um total de 74 crimes.
TEXTO: Umas vezes surgia de cabelo rapado, noutras aparecia com ele mais comprido e desgrenhado. Por vezes usava gorros e bonés. Noutras ocasiões apresentava-se de barba e até de óculos graduados. Transportava sempre facas, navalhas ou chaves de parafusos e, muitas vezes, uma pequena mala com uma muda de roupa. Escolhia, preferencialmente, raparigas muito novas. A maior parte na casa dos 18 anos, mas duas delas com menos de 14. Entre os 74 crimes de que é acusado contam-se seis de violação simples e um de violação agravada, dez de rapto agravado, dois de abuso sexual de crianças e outros tantos de pornografia com menores, entre outros. As vítimas conhecidas são 16, havendo entre elas dois rapazes. Seriam namorados de duas jovens que surpreendeu e que agora o acusam de delitos como sequestro, fotografias ilícitas, coacção e coacção agravada e na forma atentada. A escolha dos locais onde praticava os crimes sexuais terá sido criteriosa, lê-se na acusação. Procurava edifícios com terraços isolados, casas de máquinas, estendais. Ameaçava as vítimas e, muitas vezes, procurava inteirar-se de pormenores da sua vida privada, bem como da dos pais e namorados. Ameaçador, acabava por se satisfazer sexualmente, por roubar muitas das vítimas e, em alguns casos, fotografá-las, procurando desse modo precaver-se contra futuras queixas. "Os cuidados na preparação e consumação dos crimes descritos na acusação só revelam que existia uma grande premeditação", diz fonte policial contactada pelo PÚBLICO sobre o caso do jovem que, durante quatro anos - entre 2005 e Novembro de 2009 -, se tornou numa das principais dores de cabeça dos inspectores da Polícia Judiciária responsáveis pela investigação de crimes sexuais. O "Violador de Telheiras" - assim chamado porque terá sido nesse bairro que cometeu a maior parte dos crimes - acabou com o tempo por tornar-se menos previdente na ocultação de provas. A delimitação da sua área de actuação e a conjugação de modos de actuação acabaram por lhe ser fatais. De nada lhe valeram os cuidados para não deixar vestígios biológicos, que limpava com as meias das vítimas, ou para não deixar impressões digitais, ordenando às jovens que fossem elas a carregar nos botões dos elevadores onde, por norma, as abordava. As suas preocupações levavam-no também a retirar as baterias dos telemóveis das jovens, impedindo desse modo que as mesmas fizessem contactos nos momentos a seguir aos crimes. Pacato e educadoQuando os inspectores da PJ se apresentaram no seu local de trabalho, em Lisboa, para o deter, em Março de 2010, ainda tentou a fuga. Depois, nos momentos seguintes, negou qualquer delito, mas, mais tarde, já durante os interrogatórios, veio não só a confirmar os crimes de que há participação como a confessar outros que, supostamente, terá cometido. Considerado em Massamá, Sintra, onde residia, uma pessoa pacata e muito educada, o suspeito teria consciência da gravidade dos delitos que terá cometido. Procurou auxílio médico (facto que seria desconhecido da família e até da mulher com quem vivia), mas nunca deixou de procurar novas vítimas, sobretudo em Telheiras. "O arguido escolhia as vítimas que, pela sua idade, constituição física e imaturidade, lhe ofereciam garantias de resistência física reduzida e de serem mais susceptíveis de atemorizar e humilhar, dada a fragilidade das mesmas", refere um dos primeiros pontos da acusação. O "Violador de Telheiras" tinha ainda por hábito roubar todo o dinheiro na posse das vítimas. Só numa ocasião, quando uma das raparigas tinha apenas cinco euros, não levou o que encontrou. Vai assim também ser julgado por dois crimes de roubo agravado, seis de roubo simples e outros tantos de roubo na forma tentada.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ