Forças de Khadafi controlam porto de Misurata e impedem saída de imigrantes
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 16 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-03-24
SUMÁRIO: As forças militares leais ao contestado líder líbio Muammar Khadafi capturaram a zona portuária da cidade de Misurata, último reduto rebelde na Líbia Ocidental, impedindo a saída do país de milhares de imigrantes estrangeiros, foi testemunhado esta manhã por um residente naquela cidade.
TEXTO: Misurata, posição isolada dos rebeldes no oeste da Líbia, a 200 quilómetros de Trípoli, assiste já a semanas de batalha e um cerco irredutível dos tanques de Khadafi, aos quais acrescem nos últimos dias os raides aéreos feitos pelas forças da coligação internacional mandatas pelas Nações Unidas para defender as populações civis dos ataques das tropas do regime contra as cidades “libertadas” pela rebelião. A noite de ontem para hoje ficou marcada por novas cargas da aliança sobre os tanques de Khadafi que cercam Misurata, cidade de 300 mil habitantes, mas os veículos blindados do regime que já entraram nas zonas metropolitanas não foram atingidos, relatou um residente, por telefone, à agência noticiosa britânica Reuters. A mesma fonte descreve que as forças de Khadafi, ao controlarem o porto da cidade, deixaram milhares de imigrantes egípcios e subsarianos, que tentavam sair do país por via marítima, bloqueados em território líbio. “Temos aqui uma crise humanitária. Há mais de seis mil trabalhadores de origem egípcia no porto, junto com as suas famílias, e mais uns quantos africanos. Estavam à espera de um barco que os levasse mas ninguém apareceu. E desde ontem o porto caiu sob o controlo das forças de Khadafi. Eles posicionaram dois navios de guerra e alguns barcos e agora estamos cercados do lado do mar também. Ainda não atacaram dali, mas se o fizerem, aqueles milhares de imigrantes vão ser as primeiras vítimas”, conta ainda aquela testemunha. Apesar de Khadafi, há 42 anos no poder, ter prometido que esta vai ser uma guerra longa e da qual julgou sairá vitorioso, muitas das potências ocidentais crêem que a actual situação armada não deverá prolongar-se por muito tempo. “A destruição das capacidades militares de Khadafi é uma questão de dias ou semanas, seguramente não meses”, avaliou já hoje o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Alain Juppé, cujo país liderou – junto com o Reino Unido – a pressão para a adopção da resolução 1973 no Conselho de Segurança da ONU e foi, também, a primeira nação a abrir as hostilidades contra o regime líbio, com o primeiro raide aéreo sobre as forças de Khadafi, no sábado, às 16h45. Desde então a aliança manteve, já pela quinta noite consecutiva, uma barragem contínua sobre as posições armadas do líder líbio, não tendo até então, porém, conseguido impedir os tanques de Khadafi de continuarem a bombardear as cidades que permanecem nas mãos da rebelião nem tão pouco de os fazer retirar das posições estratégicas na linha da frente Oriental, a uns 150 a 200 quilómetros de distância de Bengasi, a “capital” dos rebeldes. Juppé sublinhou que “não se pode esperar que [os aliados] consigam atingir o objectivo em apenas cinco dias” e avaliou que “o processo em curso no mundo árabe é irreversível”, numa referência à convulsão a que as regiões do Norte de África e Médio Oriente assistem actualmente, desde a deposição dos chefes de Estado da Tunísia e Egipto, nos últimos dois meses, até às crescentes vagas de contestação a que se assiste na Síria, Iémen, Bahrein e Arábia Saudita. Autoridades mostram vítimas mortais dos ataques da coligação a TrípoliResponsáveis do regime líbio mostraram hoje aos jornalistas os corpos de 18 pessoas que terão sido mortas nos raides aéreos e disparos de mísseis feitos pelas forças da coligação internacional sobre a capital do país, o maior bastião de Khadafi. “Todos eram homens adultos, nenhuma mulher, nenhuma criança, alguns carbonizados ao ponto de não serem reconhecíveis”, descreve o correspondente da Reuters que visitou a morgue de Trípoli onde os cadáveres se encontram. “Eram civis. Não eram culpados de coisa nenhuma”, asseverou um trabalhador da morgue, mas um responsável do regime avançou que apenas algumas daquelas pessoas eram civis, outras eram soldados, que morreram durante os ataques dos aliados na noite de quarta-feira.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU