Angolanos reforçam peso nos órgãos sociais do BCP
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-03-26
SUMÁRIO: Além de personalidades ligadas a instituições de capitais angolanos, vão ocupar lugares de topo no BCP ex-ministros do Bloco Central, como Leonor Beleza, Álvaro Barreto e Daniel Bessa.
TEXTO: A próxima assembleia geral do BCP vai formalizar o domínio dos interesses angolanos no banco, que passam a ter não um representante, como acontecia até agora (Manuel Vicente, presidente da Sonangol), mas pelo menos três membros no Conselho Geral e de Supervisão, estrutura onde as matérias estratégicas são decididas. E pela primeira vez, desde a sua fundação em 1986, o BCP terá na comissão executiva um gestor recrutado em grupos ligados a interesses accionistas: José Iglésias Soares, do angolano Banco Atlântico (detentor de 49 por cento do Millennium bcp Angola, e onde a Sonangol tem uma forte presença). A próxima reunião magna do BCP, agendada para 18 de Abril, vai decorrer num quadro de crise de liquidez e de confiança, o que facilita a passagem do controlo accionista do maior banco português para as mãos de capitais angolanos, liderados pela petrolífera estatal. O reforço da Sonangol no BCP, em articulação com o Banco Atlântico e com a InterOceânico, holding liderada pelo banqueiro angolano Carlos da Silva (do Atlântico), é parte integrante da estratégia de consolidação do novo poder, que, em 2008, substituiu o grupo de Jardim Gonçalves. Carlos Santos Ferreira tem procurado juntar a este grupo, de modo a criar uma estrutura accionista equilibrada, capitais chineses, tendo mantido contactos com o ICBC. É neste quadro que as listas candidatas aos órgãos sociais do BCP, subscritas por vários accionistas como a Sonangol, Metalgest (de Joe Berardo), Teixeira Duarte, EDP, Sabadell, STDM (de Stanley Ho, agora representada pela filha, Pansy), integram vários novos nomes ligados ao eixo angolano. No Conselho Geral e de Supervisão, para além de Manuel Vicente, que ocupa o cargo de vice-presidente (a Sonangol, que lidera, é o maior accionista do BCP com 14, 6 por cento do capital, com autorização do Banco de Portugal para subir até 20 por cento), este órgão de gestão passará a ser encabeçado por António Monteiro, embaixador português de carreira. António Monteiro, que substitui Luís Champalimaud nas funções, é um dos accionistas portugueses (tal como Francisco Balsemão, Proença de Carvalho, Rui Nabeiro, e Hipólito Pires) da InterOceânico, holding controlada por capitais angolanos. E é, também, quadro do Banco Atlântico. António Monteiro já pertencia aos órgão sociais do BCP, ocupando agora uma posição de maior relevo. Depois, também Carlos da Silva, que domina o Banco Atlântico e preside à InterOceânico, vai passar também a sentar-se no Conselho Geral. O eixo angolano no BCP conta com o apoio de grandes accionistas portugueses, como é o caso da Teixeira Duarte (TD), que reforçou, ainda que ligeiramente, a sua posição no banco para 7, 8 por cento. A TD tem interesses em Angola onde desenvolve parcerias com o Banco Atlântico. Se se articularem no BCP com os angolanos formam uma minoria de bloqueio. Outros investidores, ou já estão no país africano, ou projectam entrar. É neste contexto, que vai entrar para a Comissão Executiva do BCP José Iglésias de Sousa, actual administrador do Banco Atlântico. A nomeação de Iglésias resulta numa alteração no modelo de governação, pois, na prática, este órgão deixa de ser totalmente independente dos accionistas, como acontecia desde a fundação. O que era aliás defendido por Jardim Gonçalves. Para além do administrador do Banco Atlântico, que já trabalhou no BCP, Santos Ferreira foi ainda buscar para a comissão executiva um ex-quadro do grupo na Polónia, Rui Teixeira, actual director de marketing. Os dois vão substituir Nelson Machado e José João Guilherme. No cargo ficam os dois vice-presidentes, Paulo Macedo e Vítor Fernandes, e os vogais António Ramalho e Luís Pereira Coutinho. Mas a lista para o Conselho Geral e de Supervisão do BCP traz outra novidade: a adequação do grupo liderado por Santos Ferreira ao actual quadro político, que se antecipa poder vir a ter o PSD como protagonista. Depois de ter em 2008, em plena vigência do consulado socialista, levado para o BCP Armando Vara (ex-ministro de Sócrates), Santos Ferreira (próximo de Guterres) foi agora buscar Leonor Beleza, uma figura carismática do PSD, e Álvaro Barreto, dirigente social-democrata e ex-ministro da Economia do Governo de Santana Lopes. Outro nome é o de Daniel Bessa, um independente conotado com o PS, mas crítico de Sócrates, e que foi ministro da Economia de Guterres. Nos documentos entregues na CMVM, referentes às contas de 2010, fica ainda a saber-se que as remunerações globais da gestão dispararam 14, 2 por cento, totalizando 4, 1 milhões de euros, mais 30 por cento do que em 2009. Este valor não leva em linha de conta os acertos de contas com a saída do antigo vice-presidente, Armando Vara.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PSD